Saudações, caros planinautas.

O artigo de hoje é um que venho ensaiando a escrever há algum tempo, todavia como faz algum tempo que desde a última vez que escrevi sobre Lore, sinto-me um tanto enferrujado. Porém, eu não poderia viver com a culpa de nunca ter falado sobre este arco da Lore; tentarei, na medida do possível, narrar os principais eventos, pois já faz quase 5 anos desde que li a trilogia.

Let’s rock!

O Bloco de Espiral Temporal foi bastante nostálgico para muitos jogadores, pois, acredito que podemos falar assim, foi o primeiro Remastered dentro do universo de Magic, mas com reprints lançados de forma paralela, dentro da própria coleção. Não somente por sua característica marcante dentro do jogo - afinal, quem não gostaria de ver suas antigas cartas com versões foils e novas? - mas os eventos da história de Espiral Temporal foram extremamente decisivos para o futuro do Multiverso.

Costumo dizer que, a trilogia de Time Spiral foi o último grande romance de Magic; nele, você ainda consegue presenciar elementos da Lore antiga. Coisas simples como, por exemplo, mana, criaturas sendo invocadas e a terra produzindo mana de acordo com sua cor. Elementos que fizeram Magic ser o que é hoje em dia, porém foram abandonados com o passar do tempo pela Wizard. 

Consegue lembrar quando foi a última história onde um mago usou mana para fazer magia? Bem, eu consigo. Na Lore de Tarkir, quando Narset enfrenta Sarkhan, diz que ela juntou o mana para conjurar sua magia. E fim. Em 7 capítulos, esta foi a única referência e antes disso, eu não me recordo em qual história fazem referência a isso.

“Ahh, mas é apenas uma palavra!”

Sim, apenas uma palavra cuja mitologia de Magic foi baseada. Batalhas foram travadas por moxes, pois eram tidos como artefatos canalizadores de mana. Nas histórias atuais, a impressão que tenho é que um planinauta possui poderes, como se fosse um mutante ou como se tivesse Ki. 

Mas deixemos as ladainhas para lá, e foquemos no que importa.

● O Retorno da Rainha

Espiral Temporal foi o primeiro grande retorno a Dominária, o verdadeiro epicentro e vortex  do Multiverso! Não aquela favela maltrapilha que o Maro insiste em transformar no centro do Multiverso, também conhecida como Ravnica. Com o fim do cataclisma de Flagelo, ficamos com 3 expansões ausentes de Dominária - um total de 9 coleções - não contando com Frente Fria, que mais pareceu um spin-off para explicar lacunas do bloco de Era Glacial. Lembrando que naquela época, tínhamos 3 coleções por ano e não por mês, então houve realmente a sensação de que longas eras se passaram até voltarmos para nossa tão amada Dominária.

Desde a queda de Karona até a queda de Szadek, se passaram 300 anos e nesse ínterim, o Memnarca tentou controlar Mirrodin, houve a guerra dos Kami e o Pacto das Guildas foi violado, e quando as coisas pareciam que estavam para se ajustar, surge o Myojin do Alcance Noturno.

Ela, assim como Valgavoth, conseguia transplanar mesmo sem centelha. Pressentindo os eventos catastróficos que estavam para acontecer, ela partiu para Dominária, em busca de um dos últimos planinautas antigos que ainda habitam o plano: Leshrac, o Andarilho da Noite. Em seu encontro, o Myojin entrega para Leshrac um artefato, Máscara do Alcance Noturno, tido como um poderoso artefato de Kamigawa que permitia ao usuário drenar poderes relacionados ao mana preto.

Mas para um planinauta antigo como Leshrac, aquela oferta era deveras suspeita, afinal, por que um ser antológico assim atravessaria um plano apenas para lhe ajudar? Embora ela usasse o pretexto de que estava apenas oferecendo ajuda porque sabia que algo ruim estava para acontecer, Leshrac era sagaz o suficiente para não se iludir com isso. Ele aceitou o presente, mas decidiu que, antes de usá-lo, o ofereceria para outra pessoa, apenas por precaução. 

Leshrac partiu em sua busca, enquanto o Myojin retornava para Kamigawa. Enquanto isso, outro ser mitológico ressurgia das brumas do tempo, provando que ele era mais do que apenas uma lenda.

Teferi, sim, nosso odiado mago do tempo. O planinauta mais covarde de todos os tempos! Teferi é o estopim de todas as maiores desgraças nessa novela, mas o que me consola é que ele foi, literalmente, tratado como lixo por quase todos os personagens dessa saga. 

O esporro que ele leva do Jodah lavou minha alma.

Caso você não se lembre, durante a Invasão Phyrexiana, Urza reuniu os Nove Titãs para invadir Phyrexia e explodi-la. Quando ele vai atrás de Teferi, em Zhalfir, seu antigo aluno não demonstrou interesse em participar da guerra. Usando sua magia, ele tirou Zhalfir e Shiv de fase, e, fugindo com o rabo entre as pernas,  ele deixou uma lacuna dentro do plano, sobrando apenas um espaço negro de vazio. Um fato interessante sobre o sair de fase é que, a vida para todos os indivíduos continuou normalmente, com a diferença de que não envelheciam de forma natural.

Eu não vou saber com precisão quanto tempo se passou, mas desde a Invasão até Nova Phyrexia, acho que se passaram uns 350 anos, porém para os habitantes de Zhalfir, deve ter se passado algo em torno de uns 10-20  anos. Uma prova disso é que Sidar Jabari ainda está vivo e pela aquela arte horripilante, ele deve estar na casa dos 40-50 anos. Outro fato interessante, enquanto estavam presos naquela bolha temporal, eles tinham noção e consciência de onde estavam e que o universo ainda se expandia e se movia. A vida era, de certa forma, normal, com exceção da passagem do tempo.

Quando Teferi procurou Jhoira, ele pressentiu que havia algo errado com a realidade. Os eventos das Fendas Temporais estava se agravando e ele sabia que Dominaŕia estava em perigo, mas não sabia exatamente do quê. Decidido a investigar, ele procurou orientação da única pessoa que conseguia botar algum senso de moral e juízo naquela cabeça reluzente. Lembrem-se, embora Teferi fosse brincalhão e mais humilde, ele ainda era um Old-Walker, quase que um deus, e esses planinautas sempre achavam que estavam certos, por isso a presença de Jhoira era fundamental nessa aventura, algo que ele mesmo reconhecia. Ele sabia que poderia contar com a força dela para fazê-lo voltar à razão quando necessário.

Reunindo um grupo de guerreiros Ghitu e alguns Viashinos, Teferi partiu com seu grupo de volta para Dominária, saindo da bolha temporal e teleportando para as regiões Keldonianas. E sim, Teferi podia sair e voltar a qualquer hora que quisesse daquele estado insubstancial. O que ele não sabia como fazer era trazer de volta os dois continentes, somente seu poder não era suficiente, porém, ele conseguia “voltar de fase” com alguns indivíduos.

A primeira coisa que o grupo percebeu ao chegar em Keld, foi o clima. A região de Keld sempre foi um lugar com clima ártico e por isso, os guerreiros keldonianos criaram sua magia de fogo, retirando mana das montanhas. O frio deu lugar ao calor e os guerreiros Ghitu, ao tentarem realizar invocações de fogo, perceberam que a terra estava escassa de mana.

Alguma coisa havia acontecido, e não somente com Keld, mas com toda Dominária. O acesso ao mana estava enfraquecido, era como se a terra estivesse estéril. Determinado a descobrir a fonte dessa calamidade e investigar as fendas temporais, Teferi decidiu que deveria partir para a Floresta de Skyshroud, que durante a Conjunção, havia sido teleportada para Keld.

O que Teferi não se lembrava, era que ele não era o único planinauta vivo em Dominária.

Os Old-Walker, tinham a capacidade de sentir a presença de outro planinauta quando este transplanasse para seu plano. Era algo instantâneo. A Senhora de Llanowar percebeu a presença de Teferi e o invocou. Freyalise, que guardara rancor por 300 anos, aproveitou para esculachar Teferi. Durante a saga, várias vezes Teferi é chamado de Prole de Urza, uma forma de escárnio por causa de suas ações passadas, comparando-o com as atrocidades (justificáveis) de Urza. Após os xingamentos, Freyalise queria saber o que o mago tolariano estava fazendo ali após três séculos. E foi nesse momento que Teferi percebeu a passagem do tempo. Ele não tinha noção de que tanto tempo havia se passado, e de fato, não teve essa intenção. Para eles, foi apenas um piscar de olhos.

A situação era pior do que ele imaginara. Ele foi severamente advertido por Freyalise a não interferir em seus planos e que se tentasse algo, seria morto por ela. Mesmo após suas tentativas diplomáticas, oferecendo sua ajuda para estudar o efeito das fendas, Freyalise não queria vínculo com o traidor. Após o diálogo ácido, o mago temporal retornou para seu grupo, decidido a ignorar completamente as ordens de Freyalise. 

Como eu disse, eles podiam sentir a presença de outros planinautas, e não somente isso, conseguiam perceber a centelha escondida em outros seres. Isso levou Teferi em busca de uma forte candidata a planinauta, uma meia-elfa, descendente de heróis do passado. Nas entranhas de Skyshroud, caminhava uma criatura única, destemida e também uma pária entre os seus.

Teferi pretendia escalar para seu grupo a indomável Radha...

"Em nosso próximo artigo, veremos as consequências dessa desventura."