Em toda Lore de Magic, eu não conheço personagens mais subestimados e desperdiçados do que Radha e Venser, Praticamente, toda a trama central da trilogia de Espiral Temporal foi escrita ao redor destes dois, e para quê? Para Radha se tornar uma personagem insignificante e Venser virar um patético comandante zumbi que ninguém lembra que existe. É muito frustrante quando você lê os livros e depois olha que fim levaram esses dois.
Pois bem, retornemos de onde paramos. Após Teferi se encontrar com a Dama de Skyshroud, Freyalise, ele decide partir para o lugar onde ele menos deveria ir, isto é, a própria Skyshroud, lar da própria deusa da floresta. Mas todos sabemos como Teferi é teimoso e para provar isso, ele leva Jhoira e seus guerreiros para estudar os fenômenos das Fendas. Devo dizer que essa decisão não agradou Jhoira nem um pouco, pois a artífice iniciou essa empreitada unicamente para restaurar suas terras de Shiv e partir para Skyshroud agora seria uma mudança de rota que não a agradava.
Ela sabia que esse não seria um simples desvio. Nada era simples quando envolvia o mago de Zhalfir.
Para aqueles que não sabem, a floresta de Skyshroud é oriunda do plano artificial de Rath, cultivada por magia pelas mãos dos elfos que foram abduzidos de Dominária por portais Phyrexianos, Durante a Invasão Phyrexiana, quando a Sobreposição planar criando aconteceu, criando a conjunção, o plano de Rath se fundiu à Dominária trazendo seus habitantes com ele.

A floresta de Skyshroud acabou sendo transportada para as terras gélidas de Keld e estaria fadada à destruição se não fosse pela benção de Freyalise, que usou sua magia para protegê-la do frio avassalador Keldoniano. Com a chegada de Skyshroud, Eladamri, que já estava em Keld, conseguiu reunir seu exército novamente e dessa forma, nasceram os elfos de Keld. Uma aliança entre os elfos e os Keldonianos. Todavia, essa aliança só foi possível graças a intervenção do senhor da guerra, Astor. Ele que foi o pivô da vitória de Keld sobre os Phyrexianos, embora fosse um guerreiro brutal, ele era tido como um dos mais cultos e civilizados. Ao se encontrar com Eladamri, os dois trocaram lâminas através de um teste keldoniano chamado de “Prove it.” Uma vez que alguém desafiava o outro com esses termos, a batalha se iniciava e a veracidade do indivíduo era comprovada.

Três śeculos após estes eventos, a floresta de Skyshroud ainda persistia, porém, suas terras já não eram abundantes em mana como antigamente. Agora, com os eventos das fendas temporais, a terra estava seca e seus elfos lutavam pela sobrevivẽncia. Buscando formas alternativas de poder, Freyalise decidiu tomar conta da colônia de fractius, assumindo o lugar da rainha deles. Enquanto ela tentava deter o avanço das fendas temporais, seus elfos protegiam as fronteiras da floresta contra invasores… mas desta vez, os invasores vinham de outra linha temporal.
Skyshroud estava sendo atacada por Gathans, Keldonianos que foram alterados geneticamente por Galtha, um renegado Tolariano que usou a engenharia genética de Urza para criar os mais brutais e devastadores guerreiros de Keld. Estes keldonianos vieram de outra linha temporal e agora pretendiam expandir seus territórios para além das montanhas de Keld. Essa Lore se passa no livro Bloodlines, representada na coleção de Destino de Urza.

Após adentrar na floresta com seu grupo, Teferi é interessado por uma tropa de elfos. Sentindo sua presença dentro de suas terras, Freyalise o chama novamente para uma breve conversa. Irredutível, ela se opõe a todas as formas de ajuda que o mago de Zhalfir oferece. Embora Teferi tivesse acabado de “voltar de fase”, ele já percebera que as fendas eram algo assustador, não eram meros rasgos no tecido da realidade e, percebendo isso, ele decide estudá-las.
As fendas temporais, eram fraturas na estrutura planar de Dominária e, em menor grau, de outros planos (como a Zona Morta em Ulgrotha). No contexto geral, as fendas resultavam do desequilíbrio entre as forças primordiais do Multiverso e o poder de planinautas divinos ou magias semelhantes. Cada uma delas surgiu devido a uma catástrofe, na maioria delas envolvendo planinautas. Cada fenda possuía uma personalidade única, ligadas às circunstâncias que a criaram e cada uma delas influenciava a outra.
O epicentro destes eventos ocorreu com a desolação causada por Karona, a deusa da magia.
E nessa conversa entre Freyalise e Teferi, existe uma informação totalmente contraditória dentro da própria Lore de Magic!
Quando Karona surgiu, em sua busca por aceitação e propósito, é dito que ela se encontrou com os maiores seres do Multiverso. Em suas andanças pelas Eternidades Cegas, ela se deparou, supostamente, com Serra, Yawgmoth e Teferi. O mais engraçado é que Teferi não reconhece este fato. Primeiro ele pergunta a Freyalise quem era Karona, acreditando que a pergunta fosse alguma chacota de Teferi, ela simplesmente responde que ele deveria saber, afinal ele se encontrou com ela. Mas Teferi negou veementemente, dizendo que nunca se encontrou com tal entidade. Esta parte da Lore do Magic gerou muita polêmica na época, e como foi um fato abandonado pela Lore atual, só nos resta crer que tudo aquilo não passou de ilusões e devaneios de uma mente ensandecida pela mente de Karona.
Foi nesse momento que Teferi percebeu a existência de Radha.

Radha era amaldiçoada. Uma verdadeira Keldoniana, afinal ela era neta de Astor, mas era meio elfo por parte de sua mãe, herdando sua longevidade. Resultado: não era aceita em canto algum. Radha queria provar que era uma verdadeira keldoniana e constantemente procurava os Gathans para derrotar. Para que ela se tornasse uma verdadeira senhora da guerra, ela precisaria ter uma hoste de guerreiros. Isso acontece porque nos primórdios de Magic, cartas relacionadas aos keldonianos possuíam esse tipo de sinergia; uma forma de representar que, quanto maior sua tropa, maior sua força.

Automaticamente, Radha chamou a atenção de Teferi. Não por sua valentia, força ou ascendência, mas por sua centelha. Os antigos planinautas conseguiam perceber a centelha nas pessoas, muito antes de elas despertarem e Radha definitivamente possuía uma. Mas para infelicidade dela, ela nunca ascenderia a planinauta. Freyalise e Teferi perceberam que ela era especial e única e ambos concordavam que essa centelha jamais despertaria, mas, então em que ela era especial?
A resposta: mana. Sim, o mana era abundante nela. Lembre-se, Espiral Temporal foi a última grande novela de Magic com seus elementos arcaicos como mana, invocações e etc. Enquanto a terra perecia por falta de mana, devido ao efeito colateral das fendas, o mana fluía através do corpo de Radha de forma abundante, por isso que todas as suas cartas se relacionam com terrenos até hoje. Teferi decidiu que deveria fazer uma visita a elfa keldoniana, mas óbvio que isso foi a contragosto de Freyalise, uma vez que a dama da floresta também perceberam o potencial de Radha, ela tinha planos para ela.
Mas desde quando Teferi escuta a voz da razão?
Ele retorna para Jhoira e a atualiza sobre os fatos e teleporta seu grupo para se deparar com Radha. Após um inútil derramamento de sangue, Teferi finalmente consegue convencê-la a segui-lo. Usando sua magia de levitação, os dois partem para a Necropole de Keld, onde os antigos senhores da guerra repousam aguardando a profecia do Crepúsculo se cumprir.

Em uma tentativa de suborná-la, Teferi a leva para conhecer sua história. O mago de Zhalfir acreditava piamente que após essa caridade, Radha ficaria comovida e se juntaria a sua causa. Enquanto exploravam a tumba, Radha encontrou seu legado, as lâminas de Astor, suas kukri. Kukri, também soletrando como khukri ou khukuri, é uma espada gurkha - soldados nativos do subcontinente indiano - e podem ser usadas como ferramenta ou para combate.
Pegando suas lâminas, Radha decidiu que era hora de partir. Agora, para ser reconhecida finalmente entre os keldonianos, ela pretendia subir a montanha e despertar sua magia de fogo. Mas nosso querido Teferi se opôs a isso, o que fez pouca diferença. Foi nesse momento que Teferi decidiu parar de ser educado, evocando sua magia, o mago de Zhalfir começou a emanar magia azure, os olhos brilhando e seu corpo irradiando sua magnitude. Essa era uma batalha injusta porque Teferi era infinito enquanto Radha, era uma reles mortal.
Então Teferi se avança, e ordena que Radha o obedeça, que agora ela deveria ajudá-lo. Xingando-o de todos os nomes - Radha tinha a personalidade de um orc - ela não se abala nem um pouco. Percebendo isso, Teferi então decide desafiá-la e quando ia dizer “Prove”, a frase parou pela metade. O planinauta nunca terminou a frase porque Radha avançou com tanta velocidade que, quando Teferi percebeu, uma das lâminas estava cravada em seu queixo. Ela afundou a lâmina em seu queixo e só parou quando essa atravessou sua cabeça calva.
O grande e poderoso Teferi caiu sem vida, morto por uma meio elfo. A propósito, essa é a segunda vez que Teferi morre na Lore. A primeira vez foi no livro Time Streams que representa a coleção de Saga de Urza. Quando Kurrik invadiu a Academia Tolariana, seus neutralizadores devastaram tudo e mataram dezenas de pessoas, entre eles Barrin e o adolescente Teferi.
Sem dar importância para o corpo à sua frente, Radha começou a subir a montanha, busca das chamas de Keld.