O que você comeu ontem no café da manhã?
Essa é uma pergunta clássica para sabermos o quão boa é a memória de alguém. É muito comum falarmos em tom de deboche sobre esse tipo de situação “não lembro nem o que comi ontem, vou lembrar disso agora?”
Agora, se eu te perguntar da última vez que algum colega te sacaneou no mesão, ah, isso é certeza que você se lembre! E digo mais, você não se lembrará de uma, mas sim de várias situações. Em contrapartida, se eu perguntasse o que estudou na sexta-feira passada, na primeira aula da faculdade, seria bem capaz de você não saber responder, porém, esquecer aquele counter que levou enquanto jogava um Estorrar, isso jamais!


Hoje falaremos um pouco sobre nossas memórias enquanto jogamos Magic.
Let’s rock!
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - --
Se no momento em que perguntei das vezes em que alguém te sacaneou no mesão, automaticamente você começou a listar todas elas em sua cabeça, não se preocupe, isso é mais comum do que se parece. Isso se dá ao fato de que, biologicamente, é mais fácil lembrarmos de eventos traumáticos do que boas experiências. Nosso hipocampo trabalha para que esqueçamos coisas, uma forma até de, acredito eu, manter nossa sanidade mental.
Raciocine comigo: Enquanto caminha para ir à academia, dezenas de informações são transmitidas para nossa mente. O barulho, pessoas caminhando, carros, comércios abertos e etc., sem o esquecimento, haveria uma sobrecarga sensorial e nossa mente não foi projetada para lidar com tanta informação. A caminhada até à academia se torna uma rotina e facilmente a esquecemos, assim como tomar café pela manhã. Mas agora, imagine a mesma caminhada habitual e, de repente, você se depara com uma pessoa que estava usando um tênis cujo modelo você está namorando há tempos para comprar. Aquele dia especificamente, ficará armazenada por um bom tempo, pois a visão daquele objeto despertou emoções e sensações que estão fora do seu habitual. A mera visão do tênis te trouxe várias sensações: a inveja por não ter, o impulso de comprar mesmo não podendo, a raiva ṕor ser pobre, frustração por ainda não ter um salário melhor e por aí vai, um simples tênis trouxe uma gama de percepções que desencadearam uma série de emoções conflitantes, tornando aquela simples caminhada em um dia marcado.
Nossas memórias criam raízes mais facilmente quando estão atreladas às percepções sensoriais envolvidas naquele momento. Quando o café da manhã é diferente, especial ou feito com sua comida preferida, fica mais fácil de se lembrar dele, mas o que é rotineiro, facilmente se torna esquecido.

Alguns estudos afirmam que os seres humanos se lembram, com mais facilidade, de coisas ruins do que boas. Na visão de alguns cientistas, essa experiência traumática é mais importante para nossa sobrevivência do que boas memórias. Há uma vertente dentro da psicologia que enxerga situações traumáticas com um grande valor adaptativo, ou seja, podemos evoluir mais aprendendo com a dor do que com a alegria uma vez que, não desejamos experienciar aquilo novamente, a lembrança ruim é uma maneira de nos forçar e acertar o caminho. Não é à toa que memórias traumáticas, dependendo da intensidade, podem se transformar em Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), um transtorno caracterizado pela incapacidade de se recuperar de algo que vivenciamos, causando constantes pesadelos ou reações exageradas a estímulos.
- Tá, mas e quanto ao Magic?
Magic é um jogo fascinante, isso é indiscutível. Eu já joguei diversos jogos, seja online ou IRL, mas até hoje, nunca encontrei algum que seja tão sensorial quanto Magic. O fato de você se lembrar daquele counter, que até hoje você insiste em afirmar que foi uma jogada errada, está diretamente relacionado à toda forma como você se relaciona com o jogo. Para aqueles que jogam focados, percebendo cada trigger, avaliando cada instância, tentando prever a próxima jogada do oponente, o jogo possui um sabor diferente. Nesse momento, todos os seus sentidos estão aguçados e sua atenção está no máximo.
É muito comum nas redes sociais, vermos diversos memes com jogadores perdendo por missplays e ficarem dias remoendo aquela situação.
“Joguei meu Craterhoof e não deixei mana para Prisão Fantasmagórica”
“Dei uma remoção Global e esqueci que havia um Artista de Sangue na mesa!”
Tenho certeza que você já passou por esse tipo de evento. Na pior das hipóteses, ainda passa quando em seu grupo de whatsapp, vem à tona o debate de por que alunaram aquele turno extra. O mais interessante é que isso gera uma reação em cadeia. Observe na próxima vez que esse tipo de situação ocorrer em seu POD e veja até onde vai. De um counter, o assunto viaja até “mas daquela vez que jogamos ano passado, você quebrou meu Sol Ring…”

Magic proporciona experiências traumáticas, isso é fato. Seja pelas discussões mais acaloradas, pela frustração de perder por ter cometido um erro ou porque alguém te sacaneou, a situação está carregada de percepções, emoções e sensações subjetivas de como você enxerga o jogo. Para alguns, é apenas mais um dia de rever colegas, bater papo, perder e ir para casa. Para outros, é uma epopeia onde você está desafiando seus colegas através do seu raciocínio sagaz e sua perícia mirabolante de criar decks ruins.
Embora estejamos fadados a reviver memórias ruins, a boa notícia é que a percepção que temos delas se altera com o passar do tempo. O que um dia foi uma péssima partida, com o advento da idade, transforma-se em um memória mais amena e, em alguns casos, em uma boa memória. Isso se deve ao fato de que, prestar mais atenção às memórias negativas, é mais comum entre os jovens. Com a maturidade, o indivíduo aprende (ou deveria) a viver no presente, deixando o peso do passado (depressão) junto da aflição do futuro (ansiedade) para trás.
Mas enquanto essa maturidade não chega, jogue, divirta-se e procure aprender com suas missplays e lembre-se: Counter no ramp é imoral, salvo se for um Estorrar!
Até a próxima!
Pega maldito, achei foi bom, kkkkkkkk. Eu já fiz algo similar, mas meu amigo tava de Teval, enlouquecendo com o combo de mana infinita de Phyraxian Altar e Gravecrawler, mas mana infinita não ganha jogo graças a deus então eu só mandei o 'em resposta...'
E no game em questão eu tava de Kykar e na mesa tava o anão do tesouro, ascendencia jeskai, redemoinho de pensamento e procissão dos ungidos - confesso que eu só percebi na hora que dava pra stormar ate o infinito, porque draw ilimitado e mana infinita, isso sim ganha jogo, graças a deus.