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Enciclopédia do Multiverso Vol.2
Os Habitantes Extraplanares
12/09/2025 17:05 - 1.954 visualizações - 6 comentários
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No meu último artigo, iniciamos esta coletânea de dados que nos ajudam a compreender como é formado e organizado o multiverso de nosso querido jogo Magic: The Gathering. Desta vez, exploramos não o espaço onde essa história é contada, mas sim um pouco sobre seus protagonistas.


Todo ecossistema possui fauna e flora próprias, independentemente de seu tamanho ou nível de complexidade. No ecossistema do multiverso de Magic, podemos encontrar algumas espécies que evoluíram a ponto de habitar esse espaço de infinitas possibilidades.


Assim, chegamos ao segundo fascículo de nossa Enciclopédia do Multiverso. Nele, vamos investigar os participantes da Guerra Fomori-Eldrazi, além de teorizar sobre a natureza dos Planinautas.


Antes de prosseguir, vale ressaltar: não sou funcionário da Wizards of the Coast. Tudo o que compartilho aqui nasce de observações, suposições e da paixão de fã pela lore. Portanto, nada do que está escrito deve ser interpretado como informação oficial ou spoiler garantido.


Prepare-se, porque nosso estudo está apenas começando.

 

 

● As Eternidades Cegas

 

Para iniciar este artigo, gostaria de esclarecer um ponto do primeiro texto que não ficou totalmente claro. Em Edge of Eternities, somos apresentados ao Limiar e a um modelo para o multiverso que apelidei de Modelo Melancia. Nesse modelo, o multiverso de Magic estaria em constante expansão, delimitado pela Parede Silenciosa e pelo Limiar. Os planos, por sua vez, seriam as sementes dessa grande fruta.


Quando mencionei isso, muitos interpretaram que cada “semente” representaria um planeta — aquilo que chamamos de plano. No entanto, a ideia correta é que cada uma dessas sementes de possibilidades corresponde, na verdade, a um universo inteiro, sendo os planos apenas os planetas principais dentro de cada um desses universos.


Uma evidência que sustenta essa interpretação aparece em Os Thran, onde é explicado que uma lua artificial foi criada em Dominária — algo impossível se o exterior do plano fosse apenas composto pelas Eternidades Cegas. Isso também ajuda a compreender por que nem todo plano segue as mesmas regras e leis físicas, sendo que alguns nem sequer se configuram como planetas.


Outro ponto que acabei deixando de lado no artigo anterior é a possibilidade de que o espaço em que Zhalfir estava — e que agora abriga Nova Phyrexia — seja, na realidade, o Macroverso, nome que dei à área desconhecida além do Limiar.


Por fim, gostaria de apresentar meus palpites sobre as Eternidades Cegas pós-Edge of Eternities, tema que abordarei mais adiante. Pelo que fica implícito na construção do Limiar, as Eternidades Cegas constituem um espaço preenchido por energia. Nunca ficou claro por que essa região do universo é tão inacessível, mas acredito que, assim como em nosso cosmos o espaço é permeado por radiação, as Eternidades Cegas sejam ocupadas pelo equivalente no universo de Magic. Temos, ao menos, dois indícios que corroboram essa teoria.


Primeiramente, Avishkar. Durante o bloco de Kaladesh, somos apresentados ao Aether, uma misteriosa fonte de energia que, posteriormente, foi revelada como parte da própria Eternidade Cega. Em segundo plano, temos a Parede Silenciosa, descrita como uma barreira que, ocasionalmente, libera radiação, mana e Aether vindos das Eternidades Cegas para o Limiar. Isso explicaria por que seres constituídos inteiramente de mana e Aether — como os Aethergênitos — não podem se tornar Planinautas, já que estariam atravessando para uma região formada por sua própria essência.

 

 

● Guerra Fomori-Eldrazi

 

Citada brevemente em Edge of Eternities, a Guerra Fomori-Eldrazi foi um evento singular ocorrido no Limiar, milênios antes da história atual. Nela, uma batalha entre espécies extraplanares foi travada: os Eldrazi, os Fomori e os Drix.


Talvez os mais conhecidos entre os três, os Eldrazi são a única espécie realmente extraplanar desse conflito. Sua origem permanece um mistério, mas duas coisas são claras: eles possuem um papel fundamental dentro do multiverso — como Ugin deixou evidente em Juramento das Sentinelas — e seu rastro de destruição é inesquecível.


Não vou me aprofundar muito no tema, mas meu primeiro artigo para o MTGLGBT (antes de me tornar colunista da LigaMagic) explorou algumas teorias sobre o papel dos Eldrazi nesse ecossistema multiversal. Nele, defendi a hipótese de que os Eldrazi funcionam como decompositores em larga escala. Assim como fungos e insetos em nosso mundo, sua função seria destruir e reconstruir a matéria, garantindo a perpetuação do ciclo de criação.


Um fator que reforça essa hipótese é a própria capacidade dos três titãs, cada um à sua maneira, de transformar os ambientes e os seres ao seu redor. Desde que escrevi aquele primeiro estudo, alguns pontos ficaram mais claros para mim, os quais gostaria de apresentar aqui.Para mim, é evidente que a capacidade dos Eldrazi de habitar as Eternidades Cegas não se deve apenas ao fato de serem originários dessa região, mas também à sua ligação com o oposto do conteúdo que a compõe.


Enquanto as Eternidades são formadas por Mana / Aether puro, os Eldrazi estão associados à mana incolor, uma espécie de anti-energia. Diferentemente da energia incolor produzida por artefatos, a mana incolor dos Eldrazi possui origem fundamental e se opõe diretamente ao espectro da energia colorida (mana).Por serem seres constituídos dessa energia, os Eldrazi não apenas teriam imunidade à mana colorida presente nas Eternidades Cegas, como também a capacidade de decompor a mana colorida em mana incolor — uma habilidade associada a Devoid e à prole de Ulamog. Dessa forma, a própria existência dos Eldrazi distorce a realidade, pois universos regidos pela energia da mana colorida não são compatíveis com a natureza incolor que os define.

 

 

Passando para os Fomori e os Drix, seres que formaram uma aliança para derrotar os Eldrazi durante a Guerra, temos uma perspectiva um pouco diferente. Enquanto os Eldrazi são espécies capazes de sobreviver nas Eternidades Cegas, essas duas raças desenvolveram mecanismos distintos para interagir com o multiverso.


Os Fomori, uma espécie do Loot vinda do plano de Ix, foram a primeira civilização de Magic a desenvolver equipamentos de exploração espacial, utilizando-os para invadir e colonizar outros planos. Podemos observar uma de suas naves e relatos de suas incursões em Cavernas de Ixalan. Ao contrário do que se acreditava inicialmente, os Fomori não possuem a capacidade de abrir portais entre os multiversos; em vez disso, conseguem localizar portais já existentes, como demonstrado por Loot durante o Grand Prix de Ghirapur.


Já os Drix são uma espécie nativa do Limiar. Fundadores do Pínaclo, desenvolveram uma técnica conhecida como Caminhar na Teia, que lhes permite viajar pelo Limiar a uma velocidade superior à da luz, atravessando as Eternidades Cegas. Embora o funcionamento dessa habilidade nunca tenha sido explicado em detalhe, imagino que ela possibilite a abertura de pequenos buracos de minhoca entre extremos do Limiar — como túneis que percorrem o interior da melancia. Na realidade, essa técnica foi ensinada aos Drix pelo Tecido de Todos os Seres, um artefato misterioso que também lhes permite prever onde os Eldrazi invasores irão surgir.

 

 

Embora esses pontos respondam a algumas perguntas, outros questionamentos acabam surgindo. Logo após a derrota dos Eldrazi durante a guerra, os Fomori desapareceram misteriosamente do Limiar — e provavelmente de todo o multiverso. Como uma civilização tão poderosa e desenvolvida poderia simplesmente desaparecer sem deixar rastros?


Além disso, muito ainda pode ser especulado sobre o Tecido de Todos os Seres, um artefato anterior a esse evento e, portanto, com mais de um milênio de existência.

 

 

● A Centelha

 

Passando para o último tipo de habitante do multiverso — ou melhor, de invasores —, pouco se sabe sobre a real natureza de um Planinauta. Como alguém nasce como um, e por que essa classe é tão poderosa? Com as novas informações apresentadas, vou deixar meus dois dedos de opinião.


Acredito que a centelha, fator determinante para a identidade de um Planinauta, seja um fragmento da energia das Eternidades Cegas incorporado a um ser no momento de seu nascimento. Dessa forma, a habilidade de um Planinauta não seria simplesmente a de se transportar entre planos, mas sim a de converter seu corpo de matéria em energia e depois novamente em matéria, mantendo sua consciência no processo.


Seguindo essa linha, temos uma explicação para o fato de um Planinauta conseguir transportar objetos (como roupas e utensílios), mas não pessoas, já que sua habilidade permite apenas preservar a própria consciência durante a viagem.


Um indicativo disso é que a maior parte dos Planinautas transplanam em forma de explosão energética variada. Nesse ponto, eles estariam transmutando sua matéria em energia para, em seguida, transmutá-la novamente em outro plano. Esse processo também explicaria a magnitude do poder de um Planinauta, já que eles carregavam consigo parte da energia primordial, alimentando suas magias. Por esse motivo também os mesmos seriam capazes de suportar quantidades absurdas de mana, como Quintorius e o Feitiço dos Fundadores e Ajani e Bolas com a mana do Conflux. Enquanto a mana selvagem de Alara mutou seres como Yidris, Ajani e Bolas saíram ilesos por já terem nascido com um fragmento das eternidades em si.


Outro ponto esclarecido por essa teoria é o encontro de Elspeth com Serra em Marcha das Máquinas. O que pode ter ocorrido nesse momento é que, no estado de consciência em que Elspeth se encontrava durante a transplanagem, ela conseguiu acessar outra consciência vivendo fora da matéria nas Eternidades — a de Serra. Seguindo essa lógica, a Poda seria um mecanismo das Eternidades para retirar de Planinautas diversos fragmentos de sua energia perdida, reorganizando-se e se reestruturando.

 

 

● Conclusão

 

Embora cada vez mais espécies antigas e poderosas surjam, as mesmas se mantêm distantes, podendo nos trazer várias surpresas Mas nossa jornada não termina aqui. Muito pelo contrário: ainda temos mais capítulos dessa nossa investigação. No meu próximo artigo da Enciclopédia do Multiverso, vamos apresentar alguns dos principais eventos, fenômenos e artefatos do multiverso.


Como sempre, agradeço imensamente o apoio de vocês. Se quiserem dar uma olhada nos meus outros artigos para estar por dentro dos últimos eventos da história, é só buscar aqui no arquivo da LigaMagic ou em meu perfil. Na LigaYugioH vocês também podem encontrar alguns artigos que escrevi sobre a Lore do Abismo.


Um beijo, abraço e até a próxima

Bruno de Montenegro Trujillo ( DinoDille)
Bruno Trujillo, conhecido também como Dingo, é jogador de Magic: The Gathering desde 2018 e de jogos de carta desde 2015. Apaixonado por cardgames e por mundos fantásticos, produz conteúdos escritos sobre eles desde 2017, sendo estudante nas horas vagas e pesquisador de Lore em tempo Integral, também tem como Hobby Boardgames e RPGs. Se for para explorar um novo mundo, ou desvendar suas historias perdidas, este Hobbit estará pronto!
Redes Sociais: Facebook, Instagram
Comentários
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- 14/09/2025 10:51:05
Bruno, faltam forma de te agradecer pelo esmero e tom em artigos como esse...É de um carinho para com o jogo que, infelizmente, muutos dentro da propria empresa ja perderam.

Que saude, tempo e sorte não te faltem mano...Obrigado e forte abraço!
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- 14/09/2025 03:40:01
Uma coisa q acho muito interessante são os planos q se conectam naturalmente com vários planos diferentes. Por exemplo o Abismo e o Plano de Meditação. Eles não precisam de Omenpaths pra chegar neles, pois eles estão naturalmente inseridos de uma forma ou outra em alguns outros planos. Tanto q o inferno em alguns mundos, podem ser apenas O Abismo q está conectado a esses planos.
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- 14/09/2025 03:36:54
Uma teoria q criei é de o Desfaíscamento é uma forma do Multiverso de se "remendar". Como o Quebra-Reinos abriu muitos buracos no tecido da realidade, o multiverso foi obrigado a pegar as centelhas dos planinautas pra fechar esses buracos. E agora as centelhas de transformaram em Omenpaths. Cada Omenpath q ja vimos na Lore, seria uma Centelha de um Planinauta sendo usada como "tapa buraco" entre os planos.
(Quote)
- 12/09/2025 20:00:13
Excelente, esses artigos sobre lore estão entre os melhores do site!
(Quote)
- 12/09/2025 17:31:24
Muito massa o artigo, parabéns!

Como fã dos Eldrazi eu espero muito uma coleção toda voltada a essa guerra.
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