No último final de semana você jogou o pré release, e essa semana começam os trabalhos de fato com a nova edição, Marvel’s Spider-Man, a nova coleção que entra no Standard. Hoje vou falar sobre a mecânica que chamou minha atenção já nos spoilers e que pode vir a se tornar algo interessante no formato: Mayhem.
Mayhem é mecânica ao mesmo tempo nova e já conhecida. A analogia óbvia é com Loucura, que foi lançada no Bloco de Odisséia, já que ambas envolvem um custo alternativo quando descartamos a carta, mas Mayhem tem restrições de tempo, o que torna ela pior do que Loucura, e fica com o efeito até o final do turno, o que é uma vantagem.
Assim que saíram os primeiros spoilers eu fiquei de olho na mecânica porque a semelhança com Loucura nos dá uma vantagem incrível: Não precisamos gastar tanto tempo analisando, a gente já sabe que fazer mágicas por menos mana é muito bom, que o deck precisa de enablers no começo e depois de payoffs e que podemos tanto jogar agressivos, quanto mais reativos, só dependendo das opções que as cartas com Mayhem nos derem.
Um ótimo exemplo é o Scarlet Spider, Kaine, ele é um coringa importante para essa estratégia porque tanto serve de enabler, ou seja, carta que faz coisas acontecerem, já que ele nos faz descartar uma carta, quanto serve de payoff, a carta que queremos descartar. Um terceiro turno que você faz Pumpkin Bombardment, Scarlet Spider, Kaine e Swarm, Being of Bees, não foi um turno de card advantage, mas foi um turno com tempo advantage, por três manas você removeu algo e fez 5 de poder, com evasão, em dois corpos. Mayhem geralmente será sobre tempo advantage.
Outra carta que eu estava bem animado dessa coleção (e até fora de Mayhem, mas isso é papo para outro texto), é Carnage, Crimson Chaos. Novamente, a vantagem de fazer uma 4/3 com Atropelar por duas manas é bem real quando o assunto é uso da mana, mas eu adoro como essa carta é uma fonte também de card advantage, em matchs grind ela faz dois pra um com facilidade, porque teremos criaturas removidas, então é só fazê-lo mais pra frente no jogo, e quando só queremos velocidade, é um deck que pode descartar alguma criatura qualquer e depois recuperar esse recurso. E gosto que bons alvos são desde alguma criatura que force o combate, até algo com utilidade, que ter por um turno na mesa já seja interessante, caso de Inti, Senescal do Sol.
Eu gosto que Mayhem tem muito suporte da própria coleção de Marvel’s Spider-Man, algo que senti falta em Final Fantasy, suporte da coleção para mecânicas próprias, mas ao mesmo tempo não é aquele deck que é apenas sobre uma coleção, já que descartar coisas como custo para gerar uma vantagem é algo bem mais amplo no Magic, fazendo com que tenham muitas cartas no Standard que sejam interessantes interagindo com essa estratégia. Citei Inti, Senescal do Sol, mas temos Fear of Missing Out, Terror Sanguinario, Tersa Lightshatter, entre outros.
Uma das principais cartas no assunto “isso e mayhem dá um caldo” é Monument to Endurance, que tem tido um impacto legal no Pioneer, no Orzhov Rata, mas ainda está devendo no Standard. Nesse deck ele tem duas propostas importantes, a primeira é manter o gás do baralho, sempre que descartamos pela primeira no turno, compramos uma carta, e a segunda é dar mais alcance, já que podemos também fazer o oponente perder 3 de vida. Fazer o tesouro é interessante, mas costuma ser situacional. Normalmente a prioridade é comprar cartas, depois fazer o oponente perder 3 e o tesouro é só de vez em quando. Importante também lembrar que Mayhem é feito a partir do cemitério, então cartas como Descanse em Paz e Linha de Forca do Vacuo “desligam” a mecânica. Monument tem um papel muito importante jogando contra esses hates, nos mantendo gerando vantagens dos descartes, mesmo com Mayhem não funcionando.
Por fim, uma carta que fica muito boa com o Monument to Endurance é Shadow of the Goblin. A carta já seria interessante porque é um enabler “fácil” para Mayhem, tendo acesso todo turno, fora que pode filtrar a qualidade das nossas compras, mas enquanto eu comecei deixando essa opção de side nas primeiras listas que usei no Acesso Antecipado, com o artefato no deck me parece apenas errado não ter esse encantamento. Com essa dupla nós temos uma capacidade de cavar mais no deck e card advantage, sem fazer nada. Mesmo que nenhuma carta com Mayhem apareça, essas duas já garantem que teremos um jogo melhor. Eu tenho cortado Shadow of the Goblin contra decks agressivos, porque não é uma vantagem que me ajuda diretamente na mesa, fora que mais opções de draw contra as listas atuais e Mono Red não é uma escolha legal, por conta de Razorkin Needlehead. Mas ainda sim, é uma posição muito boa quando você “comba” Monument e Shadow na mesa.
A lista em si:
Durante o Acesso Antecipado eu decidi que focaria mais nas mecânicas na edição e teria menos listas que são decks estabelecidos no formato, com pequenas adições. Por conta disso, estratégias como Rakdos Mayhem e Gruul Aranhas acabaram sendo meu foco. E após as primeiras horas procurei ver o que outros streamers estavam testando e quem sabe até fazer updates para o que eu mais gostei. Monument to Endurance não estava no main da minha primeira lista, mas depois eu trouxe para as 60, mesma coisa sobre Shadow of the Goblin. Passagem Multiversal começou de forma tímida e depois que notei a interação com Verge, se tornou uma das minhas cartas favoritas na edição. Terror Sanguinario foi a última grande adição, eu confesso que tinha esquecido completamente que essa carta estava válida no formato e ele é apenas e graça nessa estratégia.
Óbvio, existe um elefante na sala do Standard, chamado Vivi Ornitier, e sempre que falamos de tentar algo novo no formato, acaba surgindo como essa novidade vai abordar o rei da montanha. Normalmente eu gosto de jogar “abaixo” do Vivi, ou seja, ser mais rápido do que ele. O Rakdos Mayhem vem com essa ideia, aproveitar o tempo advantage de Mayhem para sair mais rápido que o Izzet e depois ter mana aberta para interagir com eficiência. Colocando Monument to Endurance e Shadow of the Goblin você fica em uma posição onde pode ir engolindo a partida, ainda que, importante lembrar, Abrasao seja bem popular nos decks de Vivi.
No side eu coloquei algumas cartas novas que me parecem bem promissoras: Morlun, Devourer of Spiders é muito bom contra Mono Red, ele ajuda no começo do jogo, sendo um corpo para combate que se ficar na mesa vai nos ganhar vida e para o mid game é sensacional, já que pode ser um “saco de carne” grande que entra e ganha vida. Sandman's Quicksand é simples, se tudo estiver ruim, você faz no hard cast, se estiver controlado, você pode fazer pelo custo de Mayhem e dar uma cólera unilateral. Para fechar, The Spot's Portal é uma aposta de resposta contra Enduring Curiosity, uma das cartas mais importantes do Dimir Midrange.
Eu gostei da nova coleção e tem mais de uma carta que quero testar em opções já válidas no Standard. Rakdos Mayhem parece divertido e me remete a outros tempos do Standard, quando tempo advantage podia ser o melhor lugar para se estar.
Até mais!
Ruda
