O Modern tem mudado muito nas últimas semanas, talvez seja isso que vem me agradando tanto no formato. Normalmente eu costumo jogar Standard e na verdade tenho gostado muito de como o T2 vem se desenvolvendo, mas tem algo no mundo de BBE e Jace que me atraiu para tentar jogar mais esse formato.
Logo após o unban eu fiquei várias semanas jogando de Jund, era divertido ver um BGx como um dos principais decks novamente. No entanto, a lista não encaixava, o jogo não fluía e meus oponentes pareciam estar sempre à frente. Jace, Tron e alguns combos não me deixavam jogar, para que o elfo jogasse melhor foi preciso diminuir os descartes e aumentar os raios, ou seja, o deck perdia interações e eu pagava por isso à cada liga online. Tentei listas com mais descartes, mas claro que o BBE me punia por isso e jogar sem o elfo significava perder qualquer partida de valor.
Eu tinha que admitir que o BGx estava bem ruim. Por mais que Jund tenha sido o deck mais usado na final do MOCS, ainda sim eu sofria para Humans, Affinity e Boogles, sendo que as duas primeiras não costumavam ser ruins, mas parecia que tudo dava errado, ainda mais com o Hollow One começando a ficar popular e só piorando o cenário.
No entanto, se você leu meus artigos na época do GPSP do ano passado, pode lembrar do deck que usei no GP, o Traverse Shadow, um deck que reapareceu no Pro Tour Bilbao e que finalmente parecia ter novamente boas listas. Na época do GP meu problema com o baralho tinha sido que eu não cheguei as 75 realmente fortes, mas que ainda sim tinha conseguido fazer Day 2 com o baralho, muito pela sua capacidade de combar e "roubar" vitórias.
Ora pois, por que não tentar novamente?
A capacidade de interação do Traverse Shadow é assustadora, com 8 descartes e 3 counters esse deck consegue quebrar completamente o early game do oponente e isso combinado com um clock é mais do que suficiente.
Após algumas ligas cheguei nessa lista e tenho ficado muito feliz com os resultados.
Grixis x Verde
O uso mais comum da Sombra da Morte é no Grixis, que é um ótimo midrage com azul, eu preferi usar a versão com Atravessar Ulvenwald por poder contar com um tutor e assim começar mais rápido o clock. O modern é um formato de cartas poderosas, então apenas quebrar o começo de jogo do oponente não garante uma vitória, é preciso ter um clock na mesa, e muitas vezes isso me irritava no Grixis, faltava a carta que me deve acesso à kill condition e nessa versão eu consigo facilmente ligar o Delírio e começar a tutorar ameaças.
O Quinto Elemento
A base do deck é um jund com splash para Negacao Persistente, vulgo uma das melhores cartas do baralho. O side também seguiria essa linha não fosse pela força de Almas Penadas em matchs grind. Tanto ela como Ranger of Eos são cartas que me garantem dois para um e alguma vantagem em trocas, coisa que esse deck faz pouco, a ideia dele é muito mais fazer uma troca injusta do que realmente gerar card advantage e isso nem sempre funciona contra algum midrange ou controles, que se recuperam rápido da troca.
Plano de jogo
Como já dito, a ideia é atacar a mão do oponente, fazer um clock e racear. Quando fazemos nossa parte muito bem, o oponente fica um tanto para trás no jogo, simplesmente porque usamos nossa mana muito melhor, aproveitando nossas interações de custo baixo para gerar o tempo. Com Tarmogoyf ou Sombra da Morte na mesa, o jogo começa a ser sobre nós sendo agressivos e pressionar o adversário. Sombra da Morte é maravilhosa para vencer races e Furia de Batalha Temur é melhor ainda para roubar vitórias.
Copo Cheio/ Copo Vazio
O Traverse é ótimo contra combos e ramps, simplesmente porque interage demais e mata rápido, justamente o que esses decks odeiam. Contra aggros o combo é nossa melhor arma, não tente controlar o oponente, vá para a race, nosso deck controla mal, mas Sombra da Morte faz uma bela race, jogue tempo/combo. Contra midranges e controles as partidas ficam mais complicadas, como já citei, nosso deck não faz dois para um e sofre em jogos longos, mesmo pós side a coisa fica complicada, ainda mais se o mid/control em questão atacar nossa base de mana.
Keep/Mulligan
Dois terrenos é o básico para jogarmos, não caia na armadilha de achar que um terreno e uma pá de cartas de custo 1 fará algo, talvez se essa uma carta for um Atravessar Ulvenwald, já que ela nos dá acesso à outro terreno, mas ainda sim, é um começo lento. Outra armadilha é a mão com várias Sombra da Morte, mas sem muita perda de vida para dar suporte, dependendo da velocidade do oponente, essa mão pode ser ótima (aggros) ou horrível (control/mid). Bijuteria de Mishra e Aparicao de Estrada são cartas cotinga para comprarmos o segundo terreno, um terreno e uma dessas cartas nem sempre é o suficiente para eu manter a mão, mas uma fetch, um artefato e um cycle, podem ser bem interessante, ainda mais por uma das dicas que vou comentar mais abaixo. No geral, procure mãos com descartes e um clock, remoções são ótima no draw, mas no plays são os descartes que quebram o oponente. Furia de Batalha Temur não é boa na primeira mão, ela só será usada lá na frente;
Dicas
- Uma das cartas mais importantes para o deck é a Bijuteria de Mishra, com ela podemos diminuir o tamanho do deck e quase chegar na ideia do turbo xerox. Quando temos Bijuteria e uma fetch, podemos sacrificar o artefato dando alvo em nós mesmos para ver qual seria o card que compraríamos, em caso dele não interessar, estoure a fetch, caso interesse, fazer uma shock land e comprar o que queremos é uma opção.
- Bijuteria de Mishra, fetch land e Aparicao de Estrada, olhamos o nosso topo, interessou, usamos o cycle, não interessou, embaralhe!
- Com Sombra da Morte, fetch são pumps, Aparicao de Estrada também, sendo que ela também pode servir para trick com Tarmogoyf e Esfolador Macabro
- Atravessar Ulvenwald no Delírio pega também fetchs e shocks, lembre disso quando precisar de uma fonte de mana específica ou quando precisar pumpar suas criaturas.
- Bijuteria de Mishra, na mão inicial, contra decks com descartes, é bem aproveitada se estourada na manutenção do oponente, assim vemos o draw deles e só compramos o card extra no nosso turno, fugindo de um descarte.
- Guarde fetchs para arrumar o topo caso compre uma Bijuteria, ou mesma para ativar um Empurrao Fatal.
- Lembre que Sombra da Morte é o ronaldinho do combate, seu oponente atacou com duas criaturas 3/3 e sua Sombra está 2/2? Sem problemas, ao bloquear uma das 3/3 ele assinala 3 de dano em nossa 2/2 e o outro assinala 3 de dano em nós, quando checa o SBA, temos uma bela 5/5 sorrindo para o oponente.#whatdoesntkillmemakesmestronger
- Furia de Batalha Temur em um Esfolador Macabro são duas olhadas no topo do deck, lembre-se disso quando estiver cavando por uma resposta.
- Nosso terreno mais importante é a Tumba Abandonada, ela faz nossas remoções, criaturas, descartes e Atravessar Ulvenwald.
- No primeiro turno, Tumulo Aquatico é a shock que faz todas as nossas ações de turno 1.
Sideboard
O side tem o grupo contra aggros (Brutalidade Coletiva, Empurrao Fatal, Liliana, a Ultima Esperanca, Furia de Batalha Temur e Retorno de Kozilek), o kit contra grandes (Golpe Desdenhoso, que alguns defendem usar Delay, mas que odeio contra EkdraTron e RG), Rancor Antigo contra qualquer artefato e duas cartas que são muito importantes: Almas Penadas e Tomadora de Refens. Almas Penadas entra nas matchs mais complicadas, contra controls/mid elas são nosso dois para um mais eficiente e a carta que vai segurar o jogo quando não temos ameaças, e contra Affinity são nossa bóia de salvação, lembre de quando colocar o kit branco contra decks cheios de interação tirar a parte vermelha e a Cripta de Sangue. Tomadora de Refens é outra fonte de dois para um e foi uma das techs do Pro Tour Bilbao, ela realmente brilha no mirror e contra aggros é linda bloqueando e servindo de "remoção".
Traverse Shadow no formato
Tenho ficado feliz com o deck no ambiente do Magic Online, que tem muito Storm, Humans e Tron, e com certeza jogaria com ele em um torneio que fosse hoje. Mas com Dominária temos o lançamento de Esfera Amortecedora, que pode trazer alguns midranges de volta e um ambiente cheio de midranges não é exatamente o mundo onde queremos estar, nesse universo eu com certeza voltaria ao Abzan tradicional, que tem um jogo longo melhor, até lá, tenho gostado muito de fazer criaturas gigantes que combam.
Espero que mais gente goste do baralho, é um deck pouco explorado, mas que recompensa muito quem se dedica à ele.
Até mais!
Ruda