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Brainstorm
Um guia sobre como aproveitar ao máximo a melhor spell do Legacy
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15/03/2019 18:05 - 8.298 visualizações - 48 comentários
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A melhor spell do Legacy é também uma das mais difíceis de se usar da maneira correta. O principal motivo disso, é que ela oferece uma gama de alternativas para o jogador, que deve escolher a melhor entre elas.
 

Em primeiro lugar, a spell é mágica instantânea, o que permite ao jogador usá-la em qualquer turno. Em segundo lugar, ela compra três cartas e exige que duas sejam devolvidas, mais uma vez, uma gama de decisões aparece, seja para decidir quais cartas devolver, seja para decidir a ordem de devolução dessas cartas. Por último, mas não menos importante, ela tem diferentes papéis, nos diferentes tipos de deck, afinal, Brainstorm serve a um propósito em decks control completamente diferente do propósito em decks combo, por exemplo. Em outras palavras, dê uma mountain, uma Wasteland e um Goblin Lackey para 10 jogadores, e provavelmente você terá duas jogadas diferentes. Faça o mesmo com Brainstorm, island e fetchland e você terá 10 jogadas diferentes.
 

Como diria o velho sábio, melhor começar do início. E por começar do inicio, vamos para a regra geral das cantrips. Sim, é geral por que serve para todas. Jamais!! Repito. Jamais!! De novo… jamais coloque uma cantrip na pilha sem saber o que você está procurando. Parece óbvio, mas tem muita gente que usa as cantrips sem sequer saber o que procura, simplesmente para ter algo pra fazer no turno ou tentar melhorar a mão de uma maneira abstrata e subjetiva. Isso é errado. Cantrips são recurso finito, precioso, que deve ser utilizado com um objetivo bem traçado, de forma que a variância inerente ao jogo seja mitigada no cast de cada cantrip. Assim, lembre-se, não use suas cantrips sem saber o que está procurando, sem um objetivo concreto.
 

Passada essa regra, bora para a Brainstorm, que vou chamar carinhosamente de BS para facilitar a escrita. Por que um artigo inteiro sobre uma carta? Ora, porque BS é uma carta extremamente difícil de castar, skill intensive e de muitos ângulos, deveras versátil, ela realiza papéis diferentes, que variam de acordo com a situação do jogo e de acordo com o deck da qual faz parte.
 

BS NÃO É UMA CANTRIP. Ponder é cantrip, Preordain é cantrip, Predict é cantrip, Thought Scour é cantrip. BS vai muito além de ser uma cantrip. Ela é uma carta extremamente poderosa, com uma implicação mais profunda no jogo, mas que parece inofensiva como uma simples cantrip, por isso a maioria dos jogadores tendem a usá-la, sem antes pensar sobre seu uso, o que resulta num cast pouco otimizado, que desperdiça o real valor que a carta pode gerar. Assim, antes de mais nada, é importante que fique claro os diferentes papéis e funções da BS num jogo de Legacy.
 

FUNÇÕES DA BRAINSTORM
 

1 – A função de filtro do deck
 

Você mantém uma mão razoável, porém sem contramágica. No T2 você identifica que seu oponente está jogando de Sneak and Show. Uma BS na mão mais fetchland na mesa significa que você pode mandar todos aqueles Raios embora, em busca de interação com o combo do seu oponente. Ou então, imagine que sua mão esteja cheia de anulações e seu oponente começa o jogo de Plains, Vial. A BS, nesse caso, pode te ajudar a se livrar das FoWs e Pierces em troca de Plowshares, Raios ou Fatal Pushes.  
 

De maneira mais clássica, você foi para o late game e a board state está emperrada, mas inteligentemente você parou de descer lands a partir do sexto land drop e guardou uma BS e um land na mão. Na draw do seu turno, outro land é comprado. Essa BS, agora, deixou de ser uma simples cantrip e pode ter virado, potencialmente, uma Ancestral Recall e significar sua vitória na partida. Ver TRÊS cartas novas e mandar os lands desnecessários embora, geralmente é o suficiente para decidir uma partida, nessa altura. Se as três cartas forem mágicas (mais provável que sejam, já que muitos lands já foram comprados), ter três mágicas novinhas na mão, no mínimo, vai tornar tudo mais difícil para seu oponente, quando não significar a definição de vitória em si. 
 

A função de filtro, em regra depende de um efeito de shuffle, em seguida. Entretanto, o shuffle é mais necessário no primeiro exemplo, do que no segundo. Afinal, no segundo exemplo você pode decidir a partida no mesmo turno em que castou a BS, achando umas das win cons de seu deck, por exemplo.


2 – A função de buscar por recursos, “cavar o deck”
 

Esse modo não é exclusivo dos decks de combo, mas é nos decks de combo que ele mais aparece. Castar BS de forma proativa é estratégia inerente a decks mais agressivos, entretanto esse modo pode aparecer, inclusive, em decks reativos. 
 

Por exemplo, você está jogando de Storm, e uma única carta falta para o combo. Nesse caso, o cast da BS é para cavar o deck em busca do restante do combo. Inclusive, esse cast deve ser feito mesmo se for T1. Afinal, se há possibilidade da kill no T2 ou no próprio T1, BS deve ser castada para tentar viabilizar essa kill, não importando que seja T1, ainda. 
 

Veja, existe uma regra clássica do cast da BS que determina que ela não seja castada T1. Entretanto, uma das exceções para essa regra, é exatamente a busca pela kill em decks combo. Se você achar a kill, não importa quais cartas voltou para o topo, não importa se não existe efeito de shuffle, não importa nada, vez que o jogo terminou e você foi o vencedor. Do contrário, se você não achar a kill, o cast normalmente não é dos piores, dado que decks de combo têm pouquíssimas cartas mortas no G1, uma vez que todas elas existem para viabilizar o combo. Assim, o risco de ficar emperrado com cartas ruins na mão é bem mitigado se comparado aos decks fair do formato, que usam BS. 
 

Agora imagine a seguinte situação. Você está jogando de Miracles, e seu oponente terminou o T3 castando Ponder e Stoneforge Mystic, buscando por Batterskull. Sua mão é Jace, the Mind Sculptor, Brainstorm, Force of Will e Swords to Plowshares, no campo, você tem duas ilhas e uma planície. Nesse caso, eu acho que BS passa a ter a função de cavar o deck, mesmo que seja um deck reativo. Você quer desenvolver seu jogo, então a melhor jogada seria matar a Gaga e castar BS, ambas na passagem de forma a viabilizar o cast do Jace no seu T4, que inclusive pode ser protegido pela FoW, em caso de se achar land + carta azul. Repito, aqui, você quer desenvolver seu plano de jogo e Jace protegido no T4 parece um plano bem sólido em se tratando de um “mirror” de control. Mesmo que você falhe em achar o quarto land, pode ser que ache um Counterbalance, ou consiga setar um Predict no seu turno, ou mesmo achar uma nova cantrip, como Ponder ou Portent, que vai servir para buscar pelo quarto land de forma mais efetiva e ainda dar shuffle no deck. 
 

Do contrário, se você esperar pelo draw do seu turno, você pode não comprar terreno do topo do deck. Nesse caso, você teria que castar o BS da mesma forma, mas perdendo tempo precioso na partida, afinal, de forma que você pode acabar por ter de enfrentar, no turno seguinte, as manas abertas do oponente, que podem significar mais resistência a sua tentativa de resolver o Jace. 
 

3 – A função de proteção
 

BS é uma excelente forma de se desviar de descartes. Fazê-la em resposta a um Thoughtseize para esconder cartas chaves no topo do deck é uma jogada bastante recorrente no Legacy. Essa, inclusive, é mais uma exceção aceitável para o cast da BS no T1. Por exemplo, uma jogada comum de Miracles, na época de Tampo, era não começar com Tampo no T1, em caso de se ter um BS na mão, sabendo que o oponente joga com descartes (principalmente no caso de combos). 
 

Imagine que sua mão contenha Sensei's Divining Top, BS e Counterbalance, com você na play, contra Storm. É melhor passar com land aberto o T1, de forma que o cast da BS pudesse servir para desviar de um descarte no T1 do oponente, colocando Tampo e CB de volta no topo, nessa ordem. Isso significa que no seu T2, você vai poder castar um CB, sabendo que há um custo 1 no topo (Tampo). Jogada bem melhor do que começar com tampo e perder o CB para o descarte do oponente no T1, carta extremamente importante para parar combos, principalmente Reanimator e Storm, para os quais o custo 1 é essencial.
 

Entretanto, é bom ter cuidado com essa jogada de proteger cartas. As vezes, guardar a BS para mais tarde é melhor do que tentar proteger sua melhor carta. Além disso, esse cast pode te encher de cartas ruins na mão, na tentativa de proteger as melhores, principalmente se você estiver sem um efeito de shuffle imediato, o que, às vezes, pode ser pior para a partida. 
 

Lembre que oponente espertos podem usar Wasteland na sua fetch, para te “obrigar” a dar shuffle nas cartas que tentou proteger. Ou sacrificar um Veteran Explorer e fazer você escolher entre buscar os terrenos ou manter as cartas no topo do deck. Ou, ainda, descartar seu Emrakul, para forçar o shuffle do Show and Tell que você tentou esconder.
 

Em contrapartida, em jogos muito grindy, geralmente esconder suas melhores cartas é muito bom, de forma que elas possam ser usadas no momento certo, por exemplo, esconder um Jace ou um True-Name Nemesis e dar piores opções de descarte para o seu oponente que está jogando de Grixis Control, é muito melhor do que guardar a BS e perder o Jace tão cedo. Deixe seu oponente levar a Gaga ou a Plowshares no Thoughtseize, que tem muito menos valor na partida do que as outras duas cartas anteriores.
 

4 – A função de alterar o topo do deck ou de devolver cartas para o deck
 

BS, além de tudo, funciona como forma de consertar o topo do deck. Mas quando eu quero fazer isso? Bom, isso pode ser feito em várias ocasiões e as mais clássicas são: mudar o topo para Counterbalance anular uma spell do oponente; ou para setar um milagre para o próximo turno, seja ele Terminus ou Entreat the Angels.
 

Mas para além disso, pode funcionar para jogadas mais corriqueiras, como colocar um land no topo do deck, em resposta ao trigger do Goblin Guide ou até mesmo forçar o flip do Delver of Secrets, usando BS em resposta ao trigger. Saliento, entretanto, que castar uma carta como BS, que tem altíssimo valor no jogo, somente para flipar um Delver, que por si só, já tem grande chance de flipar sozinho, ou para comprar uma Land a mais no trigger do Guide, não são as melhores jogadas que têm por ai. Por exemplo, se existir uma fetchland no jogo, é bem melhor usar a habilidade do Delver como “scry”, em vez de usar BS para flipar o bicho. 
 

Ainda, suponha que você saiba seu topo e nele tenha uma carta importante, escondida, para ser castada no próximo turno. A BS pode ser usada simplesmente para salvar essa carta, seja de uma ativação do Jace (fate seal) que tenha acabado de entrar no campo de batalha ou seja em resposta a um Predict que tenha você como alvo, por exemplo. 
 

Por fim, nesse tópico, a BS pode funcionar como uma forma de devolver uma carta para o deck, desde que ela, no deck seja mais importante que em sua mão. Por exemplo, devolver uma Batterskull para o deck, para em seguida castar uma Stoneforge Mystic e tutorá-lo novamente, é uma forma de gerar card advantage. 
 

Devolver Tendrils of Agony para o deck e ser capaz de castar Tutor Infernal hellbent, só para buscá-la novamente e, com isso, chegar ao número suficiente de storm counters, é outra forma de usar a BS. Por último, para players mais antigos, que conheceram o antigo Bant Natural Order, Progenitus necessariamente tinha que estar dentro do deck, afinal, o único jeito de colocá-lo em jogo era através de uma Natural Order resolvida.
 

5 – A função de pitch da FoW
 

Apesar de parecer óbvio, muita gente ainda casta a BS, mesmo sendo ela a única carta azul na mão, na hora de castar uma FoW importante. Se você precisa de castar FoW em uma spell, geralmente é porque, do contrário o jogo estaria perdido. Sendo BS seu único pitch, você não deve castar BS para buscar por uma carta azul, afinal, você pode não achar nenhuma e perder o jogo instantaneamente, ou, ainda, pode achar uma carta mais importante, e ter que usá-la como pitch, no lugar da BS. 
 

Eu sei, BS é uma carta que deve ser guardada, dado seu valor crescer com o tempo de jogo. Entretanto existirão situações em que ela deve ser usada como um simples pitch. Querendo ou não, há momentos no jogo que somente a FoW pode te salvar, nesses momentos use a BS de pitch, sendo ela a única opção, e seja feliz. Não faz sentido tentar procurar por uma nova carta azul, se ela já existe na sua mão. A não ser que a spell que você queira anular com FoW não seja tão importante assim. Mas se esse for o caso, para que castar uma FoW, então? 

 


REGRAS DA BRAINSTORM
 

Bom, agora que já vimos as diferentes faces e aplicações da BS, a gente pode seguir com as regras de cast dessa spell super justa. Lembre-se que para toda regra tem uma exceção, vide os 5 itens já tratados acima. Cabe a você interpretar qual dos papéis sua BS está fazendo e, com isso, agir de acordo. 
 

Regra 1 – Nunca jogue Brainstorm no turno 1
 

Eu já li em algum lugar, que Ari Lax, quando sentava para testar deck com um jogador qualquer, um dos motivos que o fazia se levantar imediatamente e ir embora, era se seu oponente jogasse uma BS no T1, principalmente se fosse feito na passagem de turno. Para ele, esse jogador não seria bom o suficiente para fornecer um treino apropriado. 
 

Como vimos, BS é uma carta de extremo valor, usá-la T1 simplesmente joga no lixo todo o valor que ela poderia gerar no jogo. Se for para buscar por mais lands, então, pode significar uma derrota rápida, uma vez que não achar um land (fetch principalmente) significará pelo menos dois turnos de compras mortas. 
 

Além disso, mesmo que você ache o land e esse land seja fetch, você vai ser obrigado a comprar uma das cartas que colocou no topo. Isso, por si só, pode ser bem ruim, principalmente em decks reativos cheios de cartas mortas no G1 contra determinados oponentes. Ja li um artigo, uma vez, que o autor afirma que testemunhou um jogador de control perder DOIS “land drop”, antes de castar uma BS, para achar uma fetch na terceira carta comprada. Essa jogada, por dentro, fez com que ele batesse palmas. A mesma coisa aconteceria com o Tico e Teco dentro do meu cérebro, caso fosse eu a presenciar essa jogada.  
 

Lembre-se que no Legacy, apesar de existirem muitos decks que são facilmente identificáveis, pois as jogadas de T1 desses decks são bem óbvias - tipo mountain para Goblins Guide; Plains para Mother of Runes; ou land, Mox Diamond para Exploration – existem muitos decks que demoram um pouco para serem identificados. Por exemplo, se seu oponente faz T1 Underground Sea para Ponder, do que ele está jogando? 
 

O que quero dizer é que esperar te ajuda a determinar contra o que você está jogando, assim, se você sabe o que enfrenta, sua BS castada depois, vai te oferecer muito mais valor do que se for castada no T1. A cantrip mais adequada para o T1 é Ponder ou Preordain, dada a possibilidade shuffle de ambas as cartas (ou de limpar o topo no caso da Preordain). Mas isso é história para outro artigo. Logo, lembre-se, não desperdice o valor que a BS pode garantir ao seu jogo no T1.
 

Uma exceção bastante marginal para o cast no T1 da BS, ainda não citada nesse artigo, é o cast da BS, em caso de keep de mão com apenas um land. Suponha que você dê keep em uma mão com apenas Volcanic Island e com BS. No seu turno, você faz Volcanic e passa. No turno do seu oponente ele usa uma Wasteland dando alvo no seu único terreno. Nesse caso, o cast da BS é inevitável. Ruim, mas inevitável.
 

Regra 2 – Brainstorm é, na verdade, um feitiço
 

Apesar de estar escrito mágica instantânea na carta, BS foi pensada para ser usada como feitiço. Quero dizer que ela deve ser utilizada no seu turno, na sua main phase. Mas por que isso? 
 

Pense que você precisa achar uma resposta para o Tarmogoyf de seu oponente, que vai te levar para red zone no próximo turno. Com BS na mão é melhor esperar pelo seu turno, comprar sua carta, para então castar BS. Isso faz com que você veja uma carta a mais e aumenta as chances de achar sua resposta. 
 

Imagine, agora, que no T1, sua mão é island, Ancient Tomb, Show and Tell, FoW, FoW, Brainstorm e Impulse. Como você quer combar tão cedo quanto T2, na play, é melhor castar a BS na sua main phase, de uma vez, que esperar pelo final do turno do oponente. Afinal, se você esperar pelo turno do oponente, Daze ou Spell Pierce serão castáveis para ele, o que não erá antes. 
 

Imagine, ainda, que é sexto turno, você tem uma carta na mão (BS), seu oponente zero cartas. Cada um com 5 lands no jogo. Seu oponente compra e faz o sexto land. Nessa hora, é melhor esperar sua compra do turno e então usar BS, em procura de uma threat para desenvolver seu jogo. Três são os motivos: 1) você irá ver mais cartas desse jeito; 2) você pode comprar a threat naturalmente e ainda guardar a BS para um momento posterior; 3) você vai ter mais uma carta na mão para devolver, podendo ficar com 3 cartas fresquinhas após a BS. 
 

Regra 3 – Seja paciente
 

BS é a carta dos monges budistas. Isso mesmo, haja meditação para usá-la corretamente e, na mesma medida, haja paciência. A frase que melhor define BS é: “A melhor BS é aquela que não foi castada”. Minha opinião sobre isso, é a msma do AJ Sacher, ou seja: A carta é simplesmente muito boa para ser castada. 
 

BS é uma carta que usa informações como combustível; quanto mais você tiver, melhor ela será. Imagine que você tenha uma mão forte com uma boa combinação de terrenos e spells. O que a BS faria por você aqui? Não muito, mas as pessoas a jogam mesmo assim. Quanto mais tempo você esperar, mais cards você verá e mais o estado do jogo progredirá até um ponto em que você poderá dizer com mais precisão o que você precisa para então castar BS de uma forma bem otimizada. O timing do cast da BS é uma das skills mais importantes no Legacy.
 

CONCLUSÃO
 

Passadas as regras do cast da BS (ufa!), vamos para última parte do artigo, senão daqui a pouco eu parto para uma dissertação de graduação, e não é esse o objetivo. Vou deixar aqui em baixo algumas dicas de como castar melhor uma BS, baseadas no que escrevi e tiradas do excelente artigo do Aj Sacher, que você pode encontrar aqui.

Lembre-se, mais uma vez, todo esse artigo deve ser lido como um conjunto, então todas as regras e dicas devem ser interpretadas em conjunto com as 5 funções da BS no jogo. Lembrando, claro, que é mais importante identificar o papel da BS antes de casta-la, do que seguir as regras e dicas cegamente. 
 

Dica 1: Ja tenho um efeito de shuffle em campo? 
 

Em caso negativo, é melhor esperar ter esse efeito, antes de castar a BS. 
 

Dica 2: Já tenho duas cartas das quais quero me livrar? 
 

Não ter cartas suficientes que justifiquem o embaralhamento pode ser desastroso se você precisar usar a mana da fetch, por exemplo. Afinal, ou você acaba atrasando seu desenvolvimento não usando a fetch ou você, basicamente, joga fora uma carta útil sem nenhuma razão ao embaralhar seu deck com a fetch. Este princípio é frequentemente ignorado, pois os jogadores assumem que eles vão comprar cartas que eles podem colocar de volta, mas você não pode ter certeza disso, as vezes as três cartas que você compra são estritamente necessárias, então você não pode presumir que sempre haverá lixo para despejar. Nesse caso, espere ter duas cartas para se livrar.
 

Dica 3: Preciso anular algo com Counterbalance?
 

Se sim, espere para castar a BS, até que você possa aproveita-la para esse intento, principalmente hoje em dia, depois do banimento do Tampo.
 

Dica 4: Preciso esconder cartas de um descarte?
 

Isto é interessante porque você pode realmente estar em uma situação em que a FoW não vale ser protegida contra o Combo, por exemplo, porque mesmo que você a coloque no topo, eles irão matá-lo no mesmo turno. De qualquer forma, eu, pessoalmente, acho melhor esconder a FoW, afinal, se eles vão tira-la de qualquer forma para te matar, esconde-la ou não, não fará diferença. No entanto, pode ser que seu oponente combe apenas no turno posterior ao descarte, nesse caso, a FoW que você colocou no topo será útil. 
 

Porém, tem gente que pode pensar que é melhor deixar que eles tirem a FoW, afinal, castar a BS no turno seguinte, caso o combo não ocorra, pode te trazer outros counters (especialmente se for um jogo pós sideboard) ou, em ultima instância, pode te trazer um hate especifico para o MU ou outra FoW. Particularmente, eu prefiro a primeira opção. 
 

Em contrapartida, em jogos de atrito intenso, esconder as melhores cartas, principalmente quando se tratam de win cons, como Jace, the Mind Sculptor, parece ser a melhor estratégia, do que simplesmente perdê-las cedo para um descarte. 
 

Dica 5: Já estou ganhando a partida?
 

Se você esta à frente ou mesmo empatado com o seu adversário, parece ser melhor esperar para castar BS.  Se você está atrás, torna-se mais importante recuperar o atraso antes de você ser massacrado. No entanto, se você não estiver sob uma tonelada de pressão, ainda vale a pena esperar.
 

Dica 6: Proteja suas melhores cartas
 

Se você não vai castar seu Tarmogoyf neste turno, mas precisa dele no próximo turno, coloque-o no topo para que ele não seja descartado. É tão fácil colocar as piores cartas de volta no instinto, mas então você deixa sua melhor carta vulnerável a Duress, Thoughtseize, Hymn to Tourach, Vendilion Clique e Cabal Therapy. Saber quando a segunda carta vai ser relevante é importante e geralmente as pessoas perdem esse feeling, uma vez que isso acontece com pouca frequência, mas quando acontece pode ser de vital importância para sua vitória. 
 

SESSÃO BÓNUS
 

Sabia que o melhor jeito de enfrentar uma Standstill resolvida é com BS? Basta aguardar que seu oponente junte 7 cartas na mão. No final do turno dele, jogue a BS. Isso fará com que ele estoure a Standstill para comprar as 3 cartas. A depender das manas de seu oponente e das cartas compradas, caso seu oponente não tenha nenhum outro counter castável, dificilmente uma FoW será castada para anular a BS. Nesse caso, você vai transformar um draw 3 cards em draw 3 cards and discard 3 or 2 cards para o seu oponente. 
 

Outra jogada possível com BS, mas que não só a BS que proporciona, acontece nos decks de storm , ANT ou TES, para se aproveitar a mana do Diamante Olho de Leao. Imagine que você queira castar Ad Nauseam, mas a única mana disponível são dois LED’s e dois terrenos em campo. Se Ad Nauseam estiver no topo do seu deck (colocado la com BS ou visto através de um Ponder, por exemplo), você pode castar BS e em resposta (segurando a prioridade) estourar os LED’s em campo. Depois é só resolver a BS, ficar com o Ad Nauseam e usar as manas do LED para casta-lo. 
 

Por fim, cuidado ao castar BS com AEther Vial aberto para 2, na mesa do oponente. Afinal, você não quer tomar um Espirito do Labirinto em resposta e praticamente perder o jogo com isso. 
 

É isso galera, já chega, já foram 6 páginas e mais de 4 mil palavras de artigo. Se você chegou até o final, agradeço imensamente pelo tempo despendido. Caso tenha alguma dúvida ou queira complementar esse artigo de alguma forma, ou mesmo não concorda com algo que tenha sido dito, deixe consignado nos comentários abaixo e terei o maior prazer em te responder, inclusive exemplos de jogadas.
 

Um grande abraço!

Comentários
Ops! Você precisa estar logado para postar comentários.
(Quote)
- 15/12/2023 08:22:36

pá de ouro

(Quote)
- 15/12/2023 08:16:52
não se separa sujeito do verbo.
"eu, sou burro." - errado.
"eu sei sintaxe." - certo.
(Quote)
- 22/03/2019 20:34:20
será q um dia veremos brainstorme no moderno
(Quote)
- 20/03/2019 09:43:55
Porra, baita artigo! "Bst é que nem vinho" já diria o brother golem de oxida!
(Quote)
- 18/03/2019 17:26:37

Valeu Orelha.
Concordo com vc, aquilo é só uma hipérbole, toda regra tem sua exceção :)
E tenho certeza que o Ari Lax, se tiver falado isso mesmo, foi só como figura de linguagem hehe.

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