Magic é um jogo, e como todo jogo, existem vencedores e perdedores. Por construções sociais, valorizamos muito o vencedor, é a figura acima de qualquer crítica, aquele que está no nosso panteão e que fez algo perfeito. No entanto, existe uma outra figura, a de quem perde, que é considerado falho nessa construção de ideias, mas que, por focar no que errou, tende a forçar mais um crescimento. Mas antes calma amigo leitor, caso você esteja pensando que começarei uma linda e bela filosofia do fracasso e como isso tem suas coisas boas, já adianto que não, The Smiths fez isso em diversos álbuns e não tem necessidade de discutir esse assunto depois do The Queen is Dead.

Mas o tema de hoje é falar um pouco sobre derrota, mais precisamente sobre decks e derrotas, porque todos temos decks que nos marcaram positivamente (e eu até escrevi uma deckografia aqui, mas também aquela bela pilha de 75 cartas que nunca deviam ter se encontrado, então hoje falarei de 5 decks que tive a infelicidade de usar, alguns até podiam ser bons na mão de outra pessoa, outros ironicamente até me fizeram vencer torneios, mas em comum todos têm o fato de serem horríveis. O critério foram decks que registrei em algum evento competitivo, então temos PTQs e PPTQs e lindas listas que me ajudaram muito a conhecer bem rápido restaurantes e bares de algumas cidades.

 

• 5- Elfball (Extended)

Começo com um dos primeiros decks que usei em um torneio grande, no caso um PTQ no finado formato Extended. O deck em questão era o Elfball, o que já abre minha lista com um baralho que sim podia ser bom e tenho certeza que ele faria algo interessante em mãos mais capacitadas, mas que nas minhas conseguiu um triste ⅗ e a certeza que a vida não era esse toddynho gelado todo.

Porque era ruim: Na época do torneio o Elfball já não era tudo isso, mas com certeza o que pesou foi minha total falta de experiência com um deck mais complexo. Muito tempo depois eu tive a chance de jogar com algo na mesma linha e aprender que Magic exige dedicação e não é apenas pegar um deck e fazer algo.

 

• 4 - 4C Combo Rites

Novamente, não é que o baralho seja exatamente ruim, mas ele me marcou de uma forma negativa. Para quem não sabe esse deck surgiu durante o Pro Tour Sombras em Innistrad e teve um sucesso moderado, mas no Grand Prix seguinte ele iria muito bem e seria uma ótima escolha. Para aquela semana. O ambiente desse Standard seria tomado por Company decks melhores que esse deck e até mesmo por baralhos brancos agressivos que simplesmente ignoravam suas criaturas pequenas. Branco era a cor mais forte desse Standard. Eu joguei um PPTQ com esse baralho e estava a um tempo sem jogar, então apenas escolhi o baralho que me pareceu mais divertido. O resultado foi um belo 0-3 sendo triturado por diversas listas de WW e Company Decks mais rápidos do que eu.

Porque era ruim: Decks Standards tendem a ser registros exatos de suas épocas, quando são pegos fora de tempo, podem ser uma bela bicicleta sem nenhuma roda.

 

• 3 - 5C Bring to Light

Agora um deck com uma história mais animada, BFZ tinha acabado de ser lançada e ainda não sabíamos quais seriam os melhores decks para o formato. Como toda primeira semana de uma nova edição muita coisa maluca apareceu, e a grande estrela era Trazer a Luz. A base de mana desse Standard era uma coisa bem maluca, mas permitia um 5c existir e vamos nós ao primeiro PPTQ da temporada com esse baralho. Ao final deu bom, a vaga para o RPTQ veio (após uma final de 2h versus UW) e a total furada esperança que Trazer à Luz seria a grande carta desse formato.

Porque era ruim: Primeiro que a base de mana era um dos grandes fatores para você perder jogos, com o formato estabilizando e acelerando, essa base de mana se mostrou sofrível. Outro ponto é que basicamente era um bando de cartas que levavam ao Rinoceronte de Cerco, ou seja, um midrange que focava nele o tempo todo. Pelo amor, era só fazer um deck com uma base de mana melhor e jogar mais com ele, ao invés de cartas como Amuleto Sultai. Naquele dia aprendi que às vezes vencemos só porque o deck é um punhado de carta cara fazendo algo.

 

• 2 - BG Marcadores

BG Energy viria a ser um dos melhores decks do Standard da sua época, sendo uma constante em um metagame muito turbulento. Mas não essa lista que usei, esse deck focadíssimo em vencer o então lançado Jeskai Saheeli não tinha vários aspectos importantes do que seria o baralho. Usei essa lista em um PPTQ e rapidamente foi atrás de um buteco qualquer.

Porque era ruim: O principal problema era que faltavam criaturas que realmente venciam partidas, uma das forças do BG. Eu até controlava o oponente, mas demorava muito para fechar a partida e ele facilmente voltava.

1 - Esper Control

 

Esse deck eu usei no Bazar Invitational e foi uma lista montada para jogar um torneio de MD1. Nesse torneio usávamos dois decks sem side, apesar de que Aquisicao do Mentor os fazia usar um, e minha outra opção era um Gruul bem agressivo e que sinceramente me carregou no evento, porque esse nosso amigo tinha alguns problemas que eu iria notar no torneio.

Porque era ruim: Sempre que montar um baralho, use as melhores cartas possíveis, não usar Teferi, Heroi de Dominaria foi bem errado. A proposta era bater em todos os aggros possíveis, mas não usar a melhor engine do arquétipo foi um belo erro e um dos motivos do porque esse deck não venceu nenhum jogo no torneio. Ele também demorava muito pra vencer e para coroar, era péssimo versus outros controles. Um belo pato, não nada, voa, ou anda direito.

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Sou o tipo de jogador que valoriza muito estar com a lista certa, então jogar com decks mal posicionados, ou simplesmente malfeitos, me incomoda demais, mas ainda sim, todo deck te ensina algo, UW Delver é um dos decks que mais me ensinou sobre Magic, mas com certeza é o deck com o qual eu mais perdi. Levar algo positivo de uma experiência ruim é uma das melhores maneiras de ser alguém melhor e crescer cada vez mais.

Comentem sobre decks que marcaram vocês também dessa maneira única,

Até mais,

Ruda