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Metagame e Variância no cEDH
No artigo de hoje iremos abordar dois assuntos muito falados recentemente sobre o commander competitivo por um outro ponto de vista.
12/08/2020 10:05 - 8.115 visualizações - 25 comentários
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Fala galera, tudo certo?


No artigo de hoje vamos falar um pouco sobre alguns assuntos que vêm sendo muito falados ultimamente, principalmente através de comentários em alguns artigos e nos grupos de cEDH onde geralmente nosso publico se situa.

 

Antes de tudo gostaria de agradecer a todos que se dispuseram a ler nosso ultimo artigo em formato de perguntas e respostas e criaram uma discussão saudável, abraçando opiniões diferentes e deixando de lado toda segregação que vinha acontecendo até então.


Então vamos logo ao que interessa!

 

Quando falamos de EDH, automaticamente o que nos vem a mente é que estamos falando de um formato eterno, e um dos que mais abrange coleções dentro do jogo. Esse tamanho todo suporta inúmeras ideias e todo o tipo possível de jogador, abrindo espaço para que surjam decks com as mais variadas estratégias e que atinjam todos os gostos.


Tudo isso de forma geral sugere o quanto estamos lidando com um formato complexo que é diretamente ligado à variedade, em todos os aspectos.


Geralmente ao atribuir o termo “competitivo” a um modo de jogo, logo pensamos num ambiente fechado, decks padronizados e outras afirmações do tipo.


Tudo isso não deixa de ser verdade, até por que quando jogamos algo que exige um alto nível de desempenho precisamos definir algo a ser “batido”, que servirá como parâmetro de força para incluir novos decks e medir seu potencial, criando construindo assim esse Metagame, onde se situam os melhores decks.


Isso quer dizer que apenas os decks inclusos dentro alto tier do meta são competitivos?


Obviamente que não.


Sempre que algo novo é lançado, ou uma coleção é anunciada buscamos nela as melhores cartas e formas de utiliza-las com maestria para criar estratégias funcionais. Isso demanda testes e jogadores dispostos a criar combos e interações para extrair o melhor resultado possível.


Muitas vezes algumas cartas não chegam a se sobressair, mas acabam se tornando grandes figuras, como foi falado por exemplo sobre o Teshar, criado e mestrado pelo nosso colega Mateus Nogueira no artigo que você pode conferir clicando AQUI.



 

Esse exemplo se encaixa perfeitamente no que estamos tentando abordar, pois em meio a tantas cartas poderosíssimas que foram adicionadas com o lançamento de dominaria, alguém se dispôs a estudar e procurar formas de extrair potencial de uma criatura que até então tinha muito pouco destaque, e que mesmo depois de tudo ainda fica longe de estar nos top tiers do meta por conta de inúmeros fatores, como sua identidade de cor, por exemplo.


Apesar de tudo isso, quem está mais envolvido no cenário competitivo sabe que nenhum desses problemas impediu que nosso pombo não só aparecesse em alguns campeonatos, mas atingisse resultados impressionantes em meio a um ambiente formado por comandantes de tier 1, mostrando que o Metagame não serve para designar decks imbatíveis, mas sim fomentar uma exploração maior dentro da pool disponível.


Mas o que faz com que um deck seja considerado Meta?


Para os menos habituados, existe um consenso dentro da comunidade do cEDH sobre a TierList mais adequada, que é moderada por um grupo de jogadores que coletam dados a partir de campeonatos, criadores de conteúdo e livestreams para definir a posição dos decks de acordo com seu Power level.


Nesse exato momento em que esse artigo é escrito, temos 8 comandantes no tier 1, e outros 17 como tier 1.5

 

 

Essa lista com os demais commanders pode ser encontrada clicando AQUI.


Geralmente quando vamos analisar uma criatura para dizer se ela é um bom comandante ou não, levamos em conta fatores importantes que podem ser decisivos, principalmente ao fazer um comparativo para uma mesma estratégia. Começando por:


Cores


A disponibilidade de cores de um deck geralmente é o principal fator para se considerar quando falamos de Power level.


Não necessariamente um deck de 2 cores vai sempre perder jogando contra um deck de 5 cores, mas em questão de desempenho, é muito provável que por conta da quantidade de staples, winconditions e combos disponíveis em uma pool de 5 cores, esse deck saia em vantagem.


Ainda dentro dessa questão, existe também um consenso dentro de todo o EDH sobre as cores mais eficientes para o formato e que oferecem um maior sustento a certas estratégias.


Quando se trata de Power level e usabilidade dentro do cEDH, as três principais cores são sem duvida a combinação Sultai, que nos disponibiliza Tutores, remoções, Winconditions consistentes, proteções, ramp e card advantage, mas isso não quer dizer que o Vermelho e o Branco são cores fracas, e sim que estão conquistando uma autonomia maior nos últimos tempos com novas adições, excelentes diga-se de passagem, como Extorsionista das Docas e Dizimo Sufocante, mas que ainda não se sustentam sozinhas em comparação as outras.


 

 

Usabilidade


Como todo mundo deve saber, desde que Thrasios existe ele faz parte do Tier 1, sendo talvez o maior parâmetro de força quando se diz respeito a competitividade.


Mas por quê ele é uma carta tão poderosa?


Devemos começar considerando que habilidades que não tem limitações em quantidade de usos são extremamente poderosas, como Najeela, Kenrith e outros que demandam apenas mana disponível, sem precisar virar como parte do custo por exemplo.


Isso permite que com combos de mana possamos alavancar uma possível vitoria utilizando o próprio comandante, sem necessitar de tutores adicionais, ou possíveis turnos até a win condition. Essa habilidade de filtrar mana é chamada de Sink
 

No caso do comandante em questão, Thrasios, podemos converter o mana gerado em um Scry que garantirá um possível Ramp ou um Draw.


Em ambos os casos estaremos com a vitória 90% garantida, já que poderemos comprar todo o deck, e responder eventuais interações dos oponentes utilizando a habilidade em instant speed.


  

 

Alguns outros comandantes não possuem a vantagem de serem Sink, mas por outro lado são partes importantes de seus próprios combos, geralmente encurtando um longo processo, como no caso do nosso Varolz, o Cicatrizado, que serve como SacOutlet sempre presente na zona de comando, fazendo com que um tutor a menos seja necessário para iniciar sua estratégia principal.


Esses comandantes que geralmente são peças na zona de comando são muito populares dentro de metas com um homebrew mais presente por conta da sua
maleabilidade nas listas, que permite um pouco mais de liberdade na hora de construir nossas builds.


Outros ótimos exemplos são criaturas que geram mana como parte do efeito, geralmente abrindo brechas para combar com untappers, como é o caso de comandantes como Selvala, Heart of the Wilds  e Zaxara, a Exemplar.


  


Uma outra habilidade que deve ser levada em conta quando falamos de usabilidade, são as de criaturas que tutoram seu próprio combo, tanto para a mão quanto para o campo, permitindo uma progressão exponencial e rápida, já que mesmo de mãos vazias podemos sempre garantir cartas para nos auxiliar.


Esse tipo de deck é comunmente associado à estratégias midrange/control, já que a construção do board acontece de maneira orgânica de acordo com a presença do comandante na mesa, como no caso da nossa Sisay, Capita do Bons Ventos e do nosso famoso Yisan, o Bardo Andarilho.


Mas como sempre, isso não é via de regra e existem inúmeros decks com tutores muito eficientes, mas que partem para uma linha mais Glass Canon para garantir a vitória, como por exemplo nosso Godo, Bandido Senhor da Guerra que nos da acesso diretamente à wincondition, mas que demanda uma ótima pilotagem por conta de seu déficit quando se trata de limitação de cor.


  

 

Win Condition


Depois de analisar todo o conceito de usabilidade, temos que lembrar do mais importante quando se trata de deckbuilding: Vitória!


É de extrema importância lembrar que mesmo com toda a força que um comandante tem, ainda sim é preciso formas de finalizar o jogo através de winconditions, e muitas delas possuem padrões que podem ajudar a definir o quanto um comandante é maleável.

 

Depois disso vamos destacar que existem algumas wincons que se sobressaem à outras e por isso acabam se tornando mais utilizadas, sejam elas por conta de versatilidade, acessibilidade ou resiliência, e a capacidade de associa-las a determinados decks ajuda a definir o nível de poder que aquele deck possui, por exemplo:


Ao analisar um comandante como TFS (Primeiro Fractius) podemos logo de cara dizer que se encaixa perfeitamente com a estratégia de Food Chain, pois possui um efeito ETB que gera progressão, além de suas 5 cores que permitem o uso de ambas as 3 foods.


Mas alem de tudo isso, justamente por sua variedade de cores, podemos facilmente incluir no deck nossa wincon baseada em tutores proibidos e Oraculo de Tassa, que não atrapalham o desenvolvimento do jogo, além de ser um combo pequeno e versátil. Esse diferencial gera mais consistência e consequentemente mais poder.


  

 

Justamente quando tocamos nesse ponto que vem a famosa questão:
 

Existe variedade quando se trata do commander competitivo?


Para entender melhor essa questão precisamos entender também que o conceito de variedade não está ligado a uma regra geral, e que variedade pode existir de inúmeras formas.


Nesse caso, apesar do mindset do jogo exigir que sigamos um certo padrão, é sempre bom perceber que esse padrão gera ainda mais complexidade para as partidas e também para a construção dos decks.


Como sempre tento deixar claro quando falo sobre esse formato, netdecking não é copiar deck da internet, e sim utilizar listas testadas por outros jogadores que obtiveram bons resultados como inspiração, e adapta-las à sua realidade e ao seu ambiente de jogo.


Esse primeiro ponto é o que considero um dos principais requisitos para que você comece a jogar o commander em sua forma mais competitiva, pois muitas vezes alguns jogadores não possuem o olhar critico para entender que a competitividade existe quando você tenta adaptar o seu deck para estar em pé de igualdade com seus oponentes.


Essa demanda por evolução gera uma mudança constante nas listas, que muitas vezes são muito diferentes mesmo em mirror matches.


Outro ponto importante é que não necessariamente você jogar de Food Chain por exemplo, irá fazer com que o seu deck seja igual o do seu oponente que também optou por jogar de Food Chain.


Vamos imaginar um cenário onde temos TFS, Korvold, SBT e Niv-Mizzet Reborn. Em ambos os lados da mesa teremos a mesma wincondition, mas com estratégias imensamente diferentes, e que justamente por isso vai exigir um jogo minuncioso e estudado por todos os jogadores.

 

   


E por ultimo, mas não menos importante, a quantidade de staples presentes nesses decks do exemplo acima é realmente muito grande, o que os torna decks parecidos dentro de seu núcleo, assim como a maioria dos decks do cEDH, mas isso não diz respeito à variedade e nem os torna previsíveis!


Ter decks com listas diferenciadas pode ser divertido, mas também pode ser muito frustrante, principalmente a novos jogadores, pois muitas vezes abrir mão de algo que pode te beneficiar simplesmente por ser “padrão”, pode enfraquecer o deck a ponto de tornar a jogatina maçante.


Ninguém quer passar horas em casa montando um deck que só começa o jogo a partir do turno 4, e que perde sem conseguir reagir ou interagir com os outros jogadores. Assim como também é bem comum ver decks competitivos com estratégias únicas, divertidas e mirabolantes, mas que são construídas de forma sensata e que mesmo fora dos padrões podem surpreender, como é o caso da ´Zaxara, a Exemplar.


No geral, o deckbuilding é divertido quando você consegue deixar o deck com a sua cara, sem bambear as pernas, o que ajuda a exercitar analises futuras, tirar mais proveito da mesa e criar um ambiente mais interativo.


Muitas vezes você pode até pensar que quando dois ou comandantes iguais se enfrentam no cEDH vamos ter uma partida mecânica, ou presumir que ambos vão ser baseados numa mesma linha de raciocínio, mas isso é um conceito extremamente distorcido.


Cada jogador tem uma mentalidade, um preparo, uma forma diferente de pilotar seu deck, e são essas características que fazem do commander competitivo uma variante extremamente rica em termos de diversidade.

 

Enfim meus queridos, chegamos ao fim de mais um artigo nesse formato de bate- papo, que é uma forma muito boa de tirar duvidas e passar uma visão diferente para quem não conhece o commander competitivo.


Se vocês tiverem alguma duvida, sugestão ou discordam de algo falado acima, comentem aí para trazermos os assuntos em pautas futuras, mas sempre com maturidade e respeito às opiniões contrárias.


Agradeço a atenção de todos e convido vocês a acompanharem nosso grupo cEDH Brasil no Facebook, onde estamos sempre interagindo com novos jogadores e também divulgamos nossos outros meios de interação, como jogos via plataformas online, ligas mensais, livestreams e etc.


Um grande abraço, e até o próximo!

 

Por Jefferson Barbosa

Jefferson C Faria Barbosa ( D3AD)
Jefferson Barbosa, mais conhecido como Jeff, conheceu Magic em Lorwyn e desde então vem aprofundando seu amor por card games. Desde sempre se considerando um amante do competitivo, participou da criação do grupo cEDH Brasil e vem criando conteúdo sobre formatos multiplayer em projetos conjuntos e independentes!
Redes Sociais: Twitch, Facebook, Instagram
Comentários
Ops! Você precisa estar logado para postar comentários.
(Quote)
- 15/08/2020 19:29:14
Sempre trazendo ótimos artigos.
(Quote)
- 14/08/2020 23:20:31
Ótimo artigo como sempre. Parabéns
(Quote)
- 14/08/2020 10:22:20
Como sempre ótimo! Obrigado por explicar melhor esse formato
(Quote)
- 14/08/2020 03:51:07

Tem mto combo dentro do cEDH. O Consultation é mais um quê extra do q " a win condition " em si. Isso, é claro, a menos q o deck seja totalmente voltado pra esse combo. Mas vc consegue encontrar mta coisa interessante, principalmente se vc tiver criatividade o suficiente pra variar as estratégias sem perder a efetividade.

(Quote)
- 14/08/2020 00:59:37

Interessante, bom pra fazer nessa temporada de pandemia.

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