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O Multiplayer e os Playtests!
Vamos criar o hábito de testar nossos decks? Então vem conferir algumas dicas sobre playtest no commander e formatos multiplayer de modo geral!
07/04/2022 10:05 - 4.201 visualizações - 7 comentários
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Salve galera, beleza? 

 

Todo Commandeiro passa por muitos processos durante sua vida no formato, e um dos mais importantes é o momento onde ele decide que irá montar seu próprio deck. Deixando de lado o netdecking e a fórmula pré-definida pelos preconstruídos vendidos pela "Nave mãe", o jogador parte na aventura de procurar dentro de uma pool acumulada em 29 anos de jogo por 99 cartas para o seu deck. E é a partir desse caminho sem volta que surgem os "Brewers", como são chamados comumente entre a comunidade. 


Aqui na LigaMagic eu mesmo já trouxe alguns artigos sobre o assunto "Criação de decks", e você pode encontrá-los facilmente clicando no meu nome de usuário no final desse texto. Neles falei sobre formas que podem te ajudar a estruturar uma boa estratégia, economizar e até mesmo otimizar a ordem de compras quando está construindo uma pool. Mas foi ouvindo um episódio do meu podcast favorito, a 11a Guilda que pensei em escrever mais um artigo complementar para essa "série", dessa vez focando um pouco mais em "playtest"!

 

Mas afinal, para que serve o playtest?

 

Por mais idiota que essa pergunta possa parecer, muitos jogadores não tem o hábito de testar seus decks antes de coloca-los na mesa com outros jogadores, e boa parte deles não sabe boas maneiras de realizar um Goldfish.


Obviamente que dentro de playgroups mais competitivos existe uma necessidade maior de testar previamente o que você está construindo, mas isso não é uma exclusividade do cEDH ou suas variantes. No casual existe uma ideia enraizada de que o importante é se divertir acima da eficiência do seu deck, mas até que ponto os jogadores se frustram por não conseguirem colocar em prática aquele tão sonhado plano de jogo pela falta desses testes?


É claro que muita gente realmente não liga para o desempenho que o deck irá apresentar, mas também é inegável que sair de casa para testar seu baralho na lojinha do bairro após uma árdua semana de trabalho e ter suas expectativas frustradas é no mínimo desanimador. 

 

Pensando em tudo isso podemos afirmar que fazer o Playtest de seus decks não é apenas uma questão de querer ser competitivo ou priorizar a eficiência, e sim uma forma de manter suas expectativas alinhadas ao seu trabalho dentro daquele baralho. 


Essa prática pode ser feita de várias maneiras diferentes e com intuitos diferentes, e é justamente o que tentarei trazer para vocês hoje. Formas que utilizo e vejo por aí de se realizar bons testes!

 

- Dica número 1 - Tenha um plano de jogo definido

 

Sim, eu sempre vou bater nessa tecla dentro dos meus artigos, e isso porque ter um plano de jogo é garantir que você sabe onde quer chegar. E não, eu não estou falando sobre uma win condition ou combo, e sim sobre o que você espera que o seu deck faça. 


Apesar de que na grande maioria das vezes os brewers prefiram utilizar a estratégia "top down", escolhendo um comandante dentro do seu gosto pessoal e construindo o restante do baralho a partir disso, é muito importante saber qual será a postura desse deck e qual estratégia irá adotar. 

 

"Se você não sabe para onde quer ir, não espere chegar a lugar nenhum!"

 

Nos ambientes competitivos existe uma maturidade muito maior em relação aos arquétipos, e não me entendam mal! 


Isso acontece porque há uma necessidade de que seu deck tenha uma clara postura para enfrentar diferentes tipos de ambientes e arquétipos variados, criando uma cadeia alimentar e deixando em evidência os planos de jogo muito mais polidos. 


Já no casual é preciso um pouco mais de atenção aos detalhes para que seja possível definir qual o plano de um deck, já que ele pode apresentar uma maleabilidade muito maior, resultada pelo tempo das partidas.


Nesse caso é muito importante, mesmo que superficialmente, deixar claro que há uma forma de chegar a vitória para que nos testes e posteriormente nos jogos você tenha um objetivo a ser seguido.


Novamente isso pode parecer redundante, mas um grande exemplo que acontece com muita frequência são os decks stax que viraram um verdadeiro pesadelo nas mesas menos competitivas. E isso acontece pois muitos jogadores acreditam que criar o stax e um ambiente impeditivo na mesa seja o objetivo, enquanto na verdade o objetivo deveria ser desacelerar os oponentes até a vitória. 


É muito comum ver relatos de partidas onde um deck stax prolongou seu jogo por 20 turnos até que todos desistissem pelo cansaço, criando aquela velha situação desconfortável por não conseguir ganhar após estabelecer seus floodgates. E dito isso, os testes podem te ajudar a ter um tato melhor sobre como seu deck funciona na prática e evitar que te tornem apenas "o amigo chato do stax".

 

E agora que estabelecemos o nosso plano de jogo, vamos entender algumas formas de Playtest! 

 

- Dica número 2 - Pratique Mulligans / Test hands

 

O Mulligan é um dos maiores inimigos do Commander é um dos assuntos mais complexos a serem discutidos quando falamos de multiplayer, mas é também um dos pontos cruciais para ter um bom desempenho em seus testes. 


Essa ação pré-jogo é a que irá definir a quantidade e a qualidade das cartas de sua mão para um início de jogo limpo, e bons mulligans são importantes para saber se o seu baralho vai se sair bem nesses testes! 


É bem mais comum do que parece vermos situações onde o jogador "keepa" uma mão explosiva e acaba "Brickando" e não comprando novos terrenos, assim como o contrário, onde ele "Flooda" e comprar terrenos sem parar, prejudicando todo o restante da partida. Então vamos agora considerar algumas valiosas dicas que podem te ajudar a fazer melhores mulligans em suas partidas. 

 

● 1 - Não existe uma receita de bolo para mulligar, então evite seguir padrões como vemos algumas vezes por aí: "3 terrenos, 2 criaturas e 2 instant e/ou Sorceries", ou "3 terrenos, 2 ramps e 2 criaturas". 


Para um novato com um pré construído essa é de fato uma boa maneira de explicar como funciona a distribuição mais básica dos recursos da sua mão, mas a partir do momento onde você tem um deck no qual você dispôs tempo, tente priorizar mãos que te darão andamento e sejam interativas! 


Alguns elementos importantes para considerarmos é a presença de card advantage, ramp (Seja dorks, rocks ou ramp spells), interações (removals, bounces ou counters) e algo que te gere um impacto a curto prazo, geralmente enablers para colocar em jogo seu comandante ou até mesmo uma criatura como Drannith Magistrate podem ser interessantes! 

 

● 2 - Analise a mesa e seus oponentes, isso vai interferir diretamente na sua postura de jogo! 


É muito importante saber o que você está enfrentando para conseguir ter um começo menos "apertado" em relação aos seus adversários. 


Se seu deck não é tão rápido quanto aquele Malcolm, Navegador da Hipervisao que vai jogar logo após você, talvez valha a pena optar por uma mão menos explosiva mas com um Manglehorn, por exemplo. Ou talvez garantir a presença de um removal ou counter seja mais eficiente do que manter uma mão com uma linha menos protegida se você sabe que seu oponente joga de maneira reativa.


E o mesmo vale para tutores que nem sempre servirão para buscar aquilo que irá te impulsionar, mas sim algo que pode ajudar a desacelerar o jogo para te deixar numa situação mais confortável.

 

● 3 - Saiba ponderar seus recursos, pois eles são finitos!


Commander é um jogo que jogamos contra 3 oponentes que querem ganhar de você, então muitas vezes aquela sua mão perfeita que você faria 5 mágicas em um só turno pode não ser a melhor opção, principalmente se ela não te trouxer um impacto grande como um lock, uma vantagem estática e continua, ou até a vitória! 


Um exemplo disso foi a semifinal do Commander 500 onde o player Brener com seu Yawgmoth conseguiu a façanha de reanimar um Vilis, Broker of Blood no primeiro turno, criando um ambiente extremamente favorável e autossuficiente com seus draws. Mas em contrapartida o gasto de recursos foi enorme, resultando numa mão com 1 carta no momento da conjuração do reanimate


Caso algum oponente possuísse uma resposta qualquer como Mental Misstep por exemplo, ele teria ficado muito para trás por não possuir uma forma de se proteger e apenas 1 carta na mão! 

 

- Dica número 3 - Goldfish tradicional

 

Goldfish, que significa literalmente "peixe dourado", é o nome dado à prática de jogar sozinho com seu baralho, fazendo alusão ao animalzinho que fica se divertindo apenas dentro do seu pequeno aquário sem nenhuma interferência externa. 


Isso porque durante os Goldfishes o jogador joga sua "simulação" de partida sem considerar decks dos oponentes, interações, e nada além do que acontece em sua própria mão e campo. 

 

Geralmente esse tipo de prática de playtest é utilizada para formatos construídos por conta da menor quantidade de cartas e a maior redundância nas estratégias, já que podem utilizar 4 cópias de uma mesma carta. 


Desse modo, em alguns poucos turnos podemos entender se o deck está apto a cumprir o que lhe foi proposto previamente. 

 

No multiplayer o Goldfish tradicional é mais eficiente e prático nas variantes competitivas, já que há uma certa linearidade nas estratégias. Isso permite que possamos visualizar em poucos turnos (geralmente de 3 a 5) como o deck se porta até ficar alinhado com seu objetivo. 

 

Apesar de muita coisa ter mudado ainda é válido lembrar da saudosa regra do 3 que era utilizada por jogadores do cEDH a alguns anos, onde no goldfish o deck precisava ser capaz de criar um board de grande impacto ou habilitar uma possível vitória até o turno 3 sem nenhuma interferência. 


Isso era muito comum (é mais possível) na época onde tínhamos o querido "Sushi Hulk", um deck extremamente rápido, porém frágil, e que sem nenhuma interferência poderia facilmente ganhar em 3 turnos ou menos. 

 

Fortemente aconselho o uso dessa estratégia de playtest para decks mais grind, Fastcombos e Farms, onde é muito mais simples visualizar a estrutura do plano de jogo quando não há possibilidade de respostas. 


Por outro lado, não recomendo para decks casuais ou decks mais lentos como "tempo", midranges e controles de modo geral. 


- Dica número 4 - Krarkfish

 

Conhecem o famoso Krark, o Sem Dedao


Seu efeito faz com que a cada mágica conjurada você jogue uma moeda (ou um dado), e para cada vitória você faz uma cópia daquela mágica e a cada derrota você a retira da pilha e devolve para a sua mão. 

 

Nesse caso aproveitei o nome porque irei falar sobre jogar dados, mas de um jeito bem menos legal. 

 

Para alguns decks que demandam um pouco mais de tempo mas ainda assim dependem de interação é interessante implementar alguns elementos mais realistas nos seus testes, sendo um deles o seguinte: 


A partir do turno 3, a cada duas mágicas jogadas você deverá rolar um dado, e caso haja uma derrota anule a mágica. Mas caso você possua um counter em mãos, poderá usá-lo para proteger sua mágica. 

 

Isso ajuda não só a ponderar recursos como contornar algumas situações onde há informação presente, e também a ganhar em circunstâncias de perigo iminente. 


E deixe sua imaginação ajudar a dificultar a experiência, já que quanto maior o desafio, melhor! 


- Dica número 5 - Turn10 run 

 

Esse talvez seja o melhor método para uma abordagem mais casual e também para decks que possuem hard stax ou estratégias mais lentas. 


Ele consiste basicamente em fazer o Goldfish tradicional por 10 turnos, sempre anotando suas jogadas mais relevantes ou de grande impacto durante o processo. 


Após concluído você pode repetir mais 2 vezes (ou outro número ímpar de vezes, como preferir). 


Com os resultados em mãos você pode criar alguns critérios para fazer comparativos, já que se tratam de estratégias menos lineares, comparando o tempo que foi gasto até a conclusão de algo, ou até um setup específico. 


Vou deixar aqui alguns desses critérios que podem ser levados em consideração na hora de comparar seus resultados. 

 

● Tempo até atingir uma forma de gerar 5 manas ( seja utilizando dorks, ramps ou terrenos) 
● Tempo até a conjuração do Commandante;
● Tempo até um setup relevante com Taxes ( limitadores de mágica, taxas de custo ou hates específicos);
● Tempo até atingir seu objetivo primário ou secundário;


Entre outros. 

 

Use a criatividade para colocar seus próprios parâmetros e teste bastante seu deck pra arrasar na lojinha fim de semana! 


Lembrando sempre que o objetivo desse texto é criar um guia, e não uma verdade absoluta, então qualquer sinta-se à vontade para testar e adaptar a forma que melhor lhe encaixa! 

 

Espero que tenham gostado desse artigo, e deixem nos comentários algumas opiniões sobre esses métodos. Deixem também sugestões de métodos utilizados por vocês para que o restante da comunidade possa compartilhar boas experiências! 

 

Se você gosta desse tipo de conteúdo de commander e outras variantes multiplayer me segue lá na Twitch (twitch.tv/jeff3nd) onde sempre trago bastante coisa, e também nos acompanhe pela cEDH Brasil em todas as redes sociais. 

 

Um grande abraço, e bons jogos! 

                                                                                          Por Jefferson "Jeff" Barbosa

Jefferson C Faria Barbosa ( D3AD)
Jefferson Barbosa, mais conhecido como Jeff, conheceu Magic em Lorwyn e desde então vem aprofundando seu amor por card games. Desde sempre se considerando um amante do competitivo, participou da criação do grupo cEDH Brasil e vem criando conteúdo sobre formatos multiplayer em projetos conjuntos e independentes!
Redes Sociais: Twitch, Facebook, Instagram
Comentários
Ops! Você precisa estar logado para postar comentários.
(Quote)
- 04/05/2022 11:43:44

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- 04/05/2022 11:43:03
Excelente artigo irmão.
Tem muita coisa nesse artigo que eu não sabia, e que ao ler, fiquei surpreso como o como isso faz sentido e como pode ser útil.
Obrigado por escrever e compartilhar.
(Quote)
- 07/04/2022 22:25:48
Excelente artigo!
(Quote)
- 07/04/2022 17:37:44
Nem sabia que o nome disso era Goldfish... mas sempre faço esses testes com o deck. A idéia do dado é bem legal, eu costumo fazer la pelo turno 3 em diante, as vezes faço que a cada turno removo 1 ou duas permanentes como criaturas e encantamentos, para ir vendo como o jogo vai seguindo adicionar o dado a isso é uma boa idéia. Assim como imaginar possiveis blocks que podem removem minhas criaturas.
(Quote)
- 07/04/2022 17:20:11

Excelente artigo e ótimas dicas! Nessa mesma ideia, recomendo o uso do site Moxfield para criação de decks e prática do "Goldfish" já citado. É uma ótima ferramenta que o site possui (e totalmente gratuita). Infelizmente, o site só está disponível em inglês, mas vale a pena experimentá-lo em conjunto com a ligamagic para criação de decks.
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