Salve galera, tudo certo?
Muitos de vocês que são meus leitores aqui na LigaMagic não jogam Commander competitivo ou variantes com esse viés, e por isso com o passar do tempo o meu contato com o Commander casual também aumentou.
Desde o meu início como redator do site tento com todas as minhas forças desmistificar os estigmas presentes acerca da rivalidade desses dois públicos, e vira e mexe me ocorre de encontrar alguns jogadores que questionam a “necessidade de existir uma versão competitiva de um formato feito com o intuito de ser casual”.
Dessa vez, recentemente durante uma conversa (que não foi a primeira), um jogador de EDH tradicionalíssimo veio me falar sobre tiers de comandantes, e por isso resolvi hoje trazer um pouco desse assunto para compartilhar meus pensamentos com vocês.
Quero já deixar claro que tudo que é dito aqui é baseado na minha opinião que é diretamente influenciada pela minha experiência no Magic, então se você discorda dela ou tem algo para complementar, deixe nos comentários, mas sempre mantendo o respeito para que esse ambiente seja o mais confortável possível para todo mundo que se interessa por esse assunto.
- O que são Tierlists de Comandante?
Acho que a maioria de vocês podem estar familiarizados com o conceito das tier lists, que ficou muito popular à algum tempo atrás para os mais variados assuntos, onde são selecionados diversos elementos e categorizados de acordo com parâmetros pré definidos.
O mais comum é construir essas listas se baseando no poder e eficiência, mas isso pode variar de acordo com a fonte.
Ao contrário do que muitos pensam, mesmo no ambiente competitivo, hoje em dia não existe mais uma tier list definitiva onde os jogadores consigam mensurar o poder de um comandante em comparação a outro. E essa prática acabou depois de muito tempo justamente por que o power creep vem criando uma espécie de rotatividade dentro dos metas competitivos com uma certa frequencia.
Mesmo assim ainda é muito fácil encontrar na internet alguns rankings escritos por jogadores que não fazem parte do meio cEDH categorizando algumas criaturas como tier 0, ou competitivas, sendo que na verdade elas são apenas superestimadas.
O melhor exemplo pra isso é como até hoje muita gente de fora do cEDH considera “Thrasios, Triton Hero” como O melhor comandante, sendo que atualmente apesar de muito forte, ele tem sido facilmente substituído.
Dito tudo isso, depois dessa longa introdução, vamos ao assunto principal:
- Comandantes Superestimados para cEDH
Lembrando que irei me referir à criaturas lendárias que pelo ponto de vista casual são consideradas muito competitivas, mas na verdade não fazem parte do meta cEDH.
Começando com o polêmico GAAIV, a criatura que muitas vezes destrói os sorrisos dos jogadores que tiraram um tempo pra ir jogar o tão esperado mesão na lojinha da cidade.
Já perdi a conta de quantas vezes ouvi algumas pessoas dizendo: “Nossa, meu amigo tem um deck competitivo de GAAIV que para toda a mesa”, e talvez seja o sentimento de irca de enfrentar um comandante baseado em taxes que tenha criado toda essa mitologia acerca do que é o Stax e como ele é diferente dentro do ambiente competitivo.
Aproveitando para já introduzir um outro grande nome dessa lista antes de concluir, junto do Augustinho temos também Gaddock Teeg.
Assim como o seu parceiro azorius, Gaddock tem uma proposta muito similar porém sem o azul, limitando a conjuração de Mágicas de não criatura, afunilando o jogo para uma partida baseada em efeitos de criatura.
Dentro de playgroups casuais eles podem ser aterrorizantes onde temos menos counters, jogos mais demorados, wincons mais lentas e curvas de mana muito mais altas.
Ambos são cartas controversas mas que dificilmente serão vistas dentro de ambientes onde o competitivo é sólido.
Nos dois casos não temos efeitos que não causam impacto suficiente para afetar a velocidade de um jogo de cEDH, ou que contribuam para o desenvolvimento do próprio jogo.
Apesar do Grand Arbiter Augustin IV ainda servir como um redutor de custos, ele não é uma carta que sirva como peça de combo, e dentro de um stax é importante lembrar que seu jogo também estará rodando num ritmo mais lento.
Com o Gaddock é ainda mais complicado, pois as curvas de mana da grande maioria dos decks competitivos é menor do que 3 com exceção de algumas cartas. Além disso, removals, counters, bounces são muito mais efetivos contra decks comandercêntricos, e é extremamente difícil reconstruir um jogo pós global quando estamos pilotando um Stax.
Não é atoa que atualmente Winota, Agregadora de Forcas é sem discussão a melhor comandante para esse arquétipo, visto que ela sozinha constrói um setup sem precisar esgotar os recursos da mão, além de ser a própria wincondition.
Nem preciso dizer o quanto as últimas coleções aumentaram ainda mais o hype em cima dessa carta que já é (por muitos anos) o comandante mais popular do EDHREC.
Ela é uma carta extremamente versátil, e no casual pode servir como base para as mais diversas estratégias e muitas vezes sendo muito odiada por isso.
Seja infect, tokens, marcadores +1+1 ou Super friends, Atraxa, Praetors' Voice é uma criatura adorada pela comunidade do commander mas que passa MUITO longe de ser forte o suficiente para ver jogo competitivo.
Na sua versão considerada mais forte que é a super friends ela ainda sim é muito lenta e dependente de um jogo onde seus oponentes não tenham muitas interações.
Um dos possíveis motivos para ela ser tão julgada pode ser o fato de que seus decks são sempre muito ligados ao valor, já que na maioria das suas vertentes ela exige um grande investimento, e por mais que não seja verdade, muita gente ainda associa dinheiro a vitória.
Obviamente que é possível sim montar uma versão budget baseada em outros efeitos como o infect, mas nem todo jogador pode investir dinheiro num deck onde apenas o comandante vale 180 reais (05/03/2023).
Todo mundo que olha pro Ghave sai dizendo que ele cheira a combo, seja pela quantidade de habilidades, ou pela complexidade das suas habilidades, ou só pela experiência de ter visto algum Ghave combando no turno 15.
A realidade é que nem todo combo é competitivo, e a maioria deles realmente não é competitivo.
Na hora de escolher um combo no cEDH são levadas em consideração muitas coisas como a quantidade de peças, a velocidade, as brechas, as janelas de interação dos oponentes, e é justamente por isso que vemos tantas Thassa's Oracle. Não por que é popular, e sim porque é o mais eficiente, que entra na maior quantidade de listas, que é facilmente adaptável, difícil de responder e etc.
Quando falamos de Ghave estamos falando também de um deck lento, que depende de muita mana, do comandante, de um setup enorme e em cores que poderiam favorecer melhor suas winconditions.
Apesar de ser um deck extremamente divertido e forte no casual, ele acaba sendo irrelevante no cEDH por todos esses motivos.
Nossa, como uma fofoca cria um monstro, né?
Sim, a Tergrid é muito forte e muito popular, mas boa parte de toda a conversa acerca dessa criatura vem do quanto é DESUMANO jogar contra ela no spelltable, e também por ela ter sido citada como uma potencial alvo de ban pelo Sheldon Menery.
A verdade é que assim como eu já falei anteriormente, quando pegamos a velocidade de impacto dessa criatura comparado à velocidade que o jogo competitivo se desenvolve, ela dificilmente faria algo dentro do cEDH.
As listas de Tergrid sem ela são apenas listas de descarte Mono Black, e se considerarmos a quantidade de cartas e combos que utilizam dos descartes para se beneficiar, enfrentar uma Tergrid não me parece uma má ideia pra muita gente.
Aqui temos mais uma grande polêmica, uma grande queridinha de muitos comandeiros e considerada “apelona” pela maioria deles.
Kaalia além de cheatar criaturas para o campo de batalha é mãe de um dos piores combos do EDH, aquele famoso com Master of Cruelties onde um ataque dela pode finalizar um dos seus oponentes.
Em resumo, ela é uma criatura que sofre muito quando os jogadores já conhecem o deck e tem boas quantidades de interação, já que a maioria das listas se apoiam em criaturas enormes que sozinhas não são relevantes o suficiente, e não é incomum vermos jogos onde um counter na Kaalia simplesmente a enterra até o final da partida.
Claro que remover um jogador em apenas um ataque, ou colocar um cramunhão de 10 manas no campo no turno 5 realmente pode soar muito forte dependendo do ambiente, mas no cEDH é inviável.
Depois de falar de Kaalia, sinto que agora comprei uma briga de verdade, e já pedindo desculpas antecipadas ao meu amigo lindo e parceiro de redação Markovis, devo dizer que esse é um dos maiores protagonistas do efeito pseudo-cEDH do Magic.
É muito fácil encontrar mesas onde um pubstomper de Markov se denomina cEDH por que o deck é realmente muito forte dentro dos ambientes casuais.
Não é segredo pra ninguém que a habilidade de eminência é um ponto enorme fora da curva, e já abraçando aqui dentro o Arahbo, Roar of the World e O Ur-dragao, nenhum deles mesmo sendo extremamente fortes são viáveis como decks competitivos.
E sim, eu não esqueci da Inalla, Archmage Ritualist, apenas não a citei por que ela é sim um ótimo deck e que aparece com uma certa frequência em jogos de cEDH por possibilitar linhas consistentes e eficientes de combo junto de Spellseeker.
Assim como a Atraxa, um grande argumento que muitas vezes é usado erroneamente para classificar esses decks como competitivos é seu valor elevado, mas infelizmente são decks que passam bem longe do nível de poder do cEDH.
Por fim, como uma espécie de menção honrosa
● Tribais de Fractius (Em Geral)
Acho que essa é facilmente uma das tribos mais fortes e completas do casual, e quando o jogador não tem um limite no seu budget é uma das que consegue atingir os melhores níveis de poder dentro dos parâmetros de um tribal, mas infelizmente nenhum deles chega a ser competitivo.
Muita gente até se confunde quando vê listas do The First Sliver citados em matérias focadas em cEDH pensando que talvez se trate de algum deck tribal, mas na verdade essas listas são de Food Chain onde o comandante serve como uma maneira de sinkar a mana infinita e finalizar o jogo com o efeito de cascata. Pra surpresa de muitos, no deck do The First Sliver ele é o único fractius.
Apesar da ideia de que um tribal muito completo como o fractius não consegue ser cEDH seja pra muitos dolorosa, ela infelizmente reflete a realidade de vários tribais que ao mudar de ambiente perdem todo o seu potencial.
Eu poderia continuar escrevendo esse artigo citando vários outros comandantes populares que são considerados cEDH por serem muito fortes no Commander casual, e junto com eles trazer muitas cartas que carregam esse mesmo estigma, mas vou deixar para uma próxima atualização depois de ler os comentários de vocês.
E apesar de ter usado a ótica que usei, dentro do cEDH também existem jogadores que subestimam muitos decks, mas assim como qualquer jogo de magic é sempre bom deixar a Tymna de lado e testar jogar com o que você realmente gosta. Ampliar seu escopo pode surpreender!
Espero que vocês tenham gostado, e se vocês gostam de conteúdo de commander de modo geral, me sigam no Instagram (instagram.com/jeff3nd) e também na Twitch (twitch.tv/jeff3nd) onde faço lives durante a semana.
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Obrigado pela leitura e um grande abraço pra vocês!
O sheldon literalmente recebe grana da wizards, ele mesmo disse em podcasts... Como o amigo disse, tem q ser ingenuo pra achar que a wizards nao tem influencia na ban list do commander.
No fundo ela acabou tomando conta do comite por debaixo dos panos, tem que ser bem ingênuo para achar que eles ainda são totalmente idependentes